Após a oposição fazer obstrução no Congresso Nacional como forma de pressionar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre(União), e da Câmara, Hugo Motta(Republicanos), a pautar para votação projetos que beneficiam o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL), não deverão ser deliberados pelo plenário da Casa Legislativa nesta semana.
Em reunião de líderes, deputados avaliaram que não há clima para votar as propostas do chamado “Pacote da Paz”. Deputados do Partido Liberal (PL) e do Progressistas (PP), voltaram a pedir que Motta pautasse para votação o PL da Anistia e o projeto que acaba com o foro privilegiado, mas o presidente da Câmara recusou deliberar sobre as matérias nesta semana.
Ao deixarem a sala do colégio de líderes, parlamentares afirmaram explicitamente que o Pacote da Paz não entrará em discussão nesta semana. Assim, a percepção é que a ausência desses temas na agenda dos próximos dias é um resultado importante das discussões recentes.
Parlamentares contrários às propostas ponderaram junto a Motta que, após a obstrução da oposição, que paralisou os trabalhos da Câmara por mais de 30 horas, incluir os projetos de interesse da ala política na pauta de votação da Casa seria uma forma de ceder à chantagem dos deputados aliados ao ex-presidente Bolsonaro.
Esses congressistas argumentam que a inclusão desse pacote seria vista como uma “premiação” àqueles que “atacaram a democracia” e impediram os trabalhos parlamentares. “Quem fez tudo aquilo [obstrução] não poderia ser premiado escolhendo a pauta do parlamento” , opinou o deputado Lindbergh Farias(PT), líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara.
A deputada Talíria Petrone(PSOL) avaliou que a agenda do foro privilegiado, neste momento, “é uma resposta que está quase premiando uma chantagem que foi feita pela extrema direita na semana passada” . Segundo ela, “você não responsabiliza de forma célebre aqueles que impedem o trabalho parlamentar, mas você premia com avanço de uma agenda que era parte da chantagem que eles faziam” .
“Eles querem avançar com a matéria do foro privilegiado. Nós, do PSOL, por exemplo, não somos contra você discutir esse mérito. É um mérito que tem pontos positivos e pontos negativos, mas ele está sendo usado, nesse momento, de forma oportunista para avançar, por exemplo, numa judicialização em relação à situação do caso de Bolsonaro, para tirar o caso do Supremo. Então, não é possível a gente tratar de um tema tão complexo de forma oportunista, num momento em que o povo brasileiro espera deste parlamento uma agenda propositiva que lhes interesse” , analisou Petrone.
Outros partidos, como o PSD, embora se interessem pelo mérito da discussão, também ponderaram em relação ao texto e ao momento. Há um entendimento de que essa agenda não deve avançar “porque isso vai ser uma sinalização de premiação para aqueles que atacaram a democracia, impedindo os trabalhos parlamentares de avançar” .
