Após 40 anos considerado extinto na natureza, pássaro sihek volta a voar livre graças a esforços globais de reprodução e reintrodução - Foto: Reprodução / YouTube / Bons Fluidos
Após quatro décadas desaparecido de seu habitat natural, o sihek (Todiramphus cinnamominus), também conhecido como martim-pescador de Guam, voltou a voar em liberdade. O pássaro, símbolo da ilha de Guam, no Pacífico Ocidental, foi praticamente exterminado após a introdução acidental da cobra-árvore marrom (Boiga irregularis) na década de 1940, que devorava ovos e filhotes das aves.
Uma operação de resgate que salvou uma espécie
Quando a ameaça da extinção se tornou inevitável, na década de 1980, cientistas e conservacionistas lançaram uma verdadeira missão de resgate do pássaro. Foram 29 aves retiradas da natureza e criadas em cativeiro, formando a base de um programa internacional de reprodução que manteve o sihek vivo por mais de 35 anos.
Em 23 de setembro de 2024, seis desses pássaros libertaram-se em uma área de floresta protegida – um santuário livre de predadores, cuidadosamente preparado para dar à espécie uma nova chance de prosperar.
O primeiro voo rumo à liberdade
O processo de reintrodução começou meses antes, com o nascimento de um filhote em abril no Sedgwick County Zoo, nos Estados Unidos. Na época, havia apenas 45 fêmeas reprodutoras em todo o mundo. Sob os cuidados de equipes da Zoological Society of London’s Whipsnade e de outros zoológicos parceiros, os sihek cresceram fortes o suficiente para encarar o desafio da natureza.
Transportaram os pássaros de avião até Guam e o Atol de Palmyra, a cerca de 5.800 quilômetros dali. No local, receberam rastreadores de rádio para que os pesquisadores pudessem acompanhar seus movimentos e hábitos reprodutivos.
Um marco histórico para a conservação
O Atol de Palmyra, escolhido como novo lar da espécie, é uma reserva ambiental livre de predadores invasores, parte do Refúgio Nacional de Vida Selvagem dos Estados Unidos. O local oferece as condições ideais para que o pássaro volte a se reproduzir naturalmente, algo que parecia impossível há poucos anos.
E a boa notícia não demorou: em 31 de março de 2024, encontraram o primeiro ovo selvagem da espécie em 37 anos, depositado por um casal apelidado de Tutuhan e Hinanao. “Agora, elas estão até botando ovos por conta própria. É um avanço incrível”, comemorou o biólogo Martin Kastner, da Nature Conservancy e da Sociedade Zoológica de Londres.
Próximos passos e o sonho de retorno a Guam
Os jovens libertados têm apenas nove meses de idade, e os primeiros ovos férteis costumam surgir a partir dos 11 meses. Por isso, os pesquisadores seguem monitorando a evolução da reprodução e dos filhotes. O plano é ampliar a população no Atol de Palmyra, com novas solturas previstas para o outono em ilhas próximas. Mas o objetivo final é claro: levar o martim-pescador de volta à sua terra natal.
A volta do sihek à natureza é um lembrete poderoso de que a preservação da vida selvagem depende da persistência humana e da cooperação global. Uma história que mostra que, com tempo, cuidado e esperança, até mesmo uma espécie declarada extinta pode voltar a colorir o céu.
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