Um jato F-35 pousa na pista do porta-aviões USS Carl Vinson durante exercícios militares no Havaí, EUA - Foto: Reuters / BBC News Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou o envio de 10 jatos F-35 para Porto Rico para realizar operações contra cartéis de drogas na região do Caribe, segundo revelou a agência de notícias Reuters nesta sexta-feira (5/9).

Os caças serão adicionados à já forte presença militar dos EUA no sul do Caribe, em meio à crescente tensão com o governo venezuelano.

Na quarta-feira (3/9), Trump anunciou que as forças americanas atacaram um barco que vinha da Venezuela carregado de drogas. Segundo o presidente, tratou-se de uma ação direcionada “contra os narcoterroristas do Tren de Aragua” que transportavam drogas em águas internacionais em direção ao seu país, matando 11 criminosos.

No dia seguinte, dois caças venezuelanos armados sobrevoaram o destróier norte-americano USS Jason Dunham no mar do Caribe, em uma ação que o Departamento de Defesa americano chamou de “altamente provocativa”.

A Casa Branca também acusa o presidente venezuelano Nicolas Maduro de liderar uma organização “terrorista” chamada de Cartel dos Sóis, conectada a outros grupos descritos da mesma forma, como o próprio Trem de Aragua e o Cartel de Sinaloa.

Os jatos F-35

Segundo a Reuters, fontes do governo americano confirmaram que os jatos F-35 estão sendo enviados para conduzir operações contra organizações narcoterroristas designadas que operam no sul do Caribe.

Os aviões devem chegar à área no final da próxima semana, segundo a agência de notícias.

Os EUA operam o F-35A Lightning II. De acordo com a própria Força Aérea americana, trata-se de “um caça multifuncional ágil, versátil, de alto desempenho e com capacidade para 9g que combina furtividade, fusão de sensores e consciência situacional sem precedentes”.

Maduro apresentou mapa da Venezuela com área incorporada ao país – Foto: Zurimar Campos / Venezuelan Presidency / AFP

O jato também possui um avançado conjunto de sensores projetado para coletar, fundir e distribuir mais informações do que outros caças, o que dá “uma vantagem decisiva sobre todos os adversários”, segundo os EUA.

Os caças F-35 tem mais de 10 metros de envergadura e uma velocidade máxima de aproximadamente 1953 km/h em altitude. Tem capacidade interna e externa de armamentos.

Aumento das tensões

O anúncio do envio dos jatos ocorre em um momento de escalada entre Estados Unidos e Venezuela.

Trump fez da luta contra o tráfico de drogas uma prioridade e, em julho, assinou uma diretriz secreta para permitir que as forças armadas dos EUA atacassem os cartéis de drogas latino-americanos que ele define como grupos “terroristas”.

No mesmo mês, Washington estabeleceu que há uma organização “terrorista” na Venezuela chamada Cartel dos Sóis, chefiada por Maduro e outras autoridades venezuelanas de alto escalão, conectada a outros grupos descritos da mesma forma, como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa.

No início de agosto, o governo Trump aumentou para US$ 50 milhões sua recompensa por informações que levem à captura de Maduro.

E, nas últimas semanas, começaram a surgir notícias de navios de guerra norte-americanos indo para o Caribe, incluindo destróieres de mísseis guiados, o grupo anfíbio de Iwo Jima, que pode ser implantado imediatamente, um submarino de propulsão nuclear, além de aeronaves de reconhecimento P-8 e 4.500 fuzileiros navais.

Após o bombardeio do barco pelas forças americanas, na quinta-feira (5/9) dois caças venezuelanos armados sobrevoaram o destróier norte-americano USS Jason Dunham no mar do Caribe, elevando ainda mais as tensões.

O Departamento de Defesa americano classificou o episódio como um “ato altamente provocativo, projetado para interferir em nossas operações antidrogas”. A Venezuela ainda não respondeu à acusação.

O presidente dos EUA, Donald Trump – Foto: Mike Segar / Reuters

“Essa grande concentração de forças navais não ocorre, pelo que me lembro, desde 1965 e remete aos dias da ‘diplomacia das canhoneiras’, há mais de um século”, disse à BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC) Alan McPherson, especialista nas relações dos EUA com a América Latina que dirige o Centro de Estudos de Força e Diplomacia da Temple University, sobre o ataque.

Em sua opinião, o objetivo de tudo isso não é claro.

“Poderia ser, como foi dito, a preparação de um ataque cirúrgico contra traficantes de drogas”, ele argumenta. “Mas nada disso exigiria uma frota tão grande. Talvez a marinha queira atacar Maduro mais diretamente ou fomentar uma revolta interna, por exemplo, no exército venezuelano. Seja qual for o caso, está claro que o governo Trump quer intimidar o regime.

Maduro rejeitou as acusações dos EUA, que ele considera fabricadas em uma tentativa de derrubá-lo, e anunciou em resposta a mobilização de 4,5 milhões de milicianos no país.

“Se a Venezuela fosse atacada, entraria imediatamente em um período de luta armada” e “declararíamos constitucionalmente a república em armas”, disse Maduro, que iniciou um novo mandato este ano após eleições consideradas fraudulentas por grande parte da comunidade internacional, na segunda-feira.

*Com informações de Terra