Cientistas descobrem ave inédita no Texas após efeito climático

Pesquisadores da Universidade do Texas anunciaram na ultima segunda-feira (22) a descoberta de uma ave híbrida inédita nos Estados Unidos. O animal é resultado do cruzamento entre o blue jay (gaio-azul), comum no leste do país, e o green jay (gaio-verde), encontrado na América Central. O encontro entre as duas espécies foi favorecido pela expansão de habitats causada pelas mudanças climáticas.

A revista Ecology and Evolution publicou o estudo sobre o fenômeno. Segundo os biólogos, trata-se de um dos primeiros exemplos de hibridização entre vertebrados gerada diretamente pelas alterações do clima.

“ Achamos que é o primeiro vertebrado observado que se hibridizou porque duas espécies expandiram suas áreas de ocorrência devido, pelo menos em parte, às mudanças climáticas ”, afirmou Brian Stokes, doutorando em ecologia e autor principal da pesquisa.

Até meados do século XX, os territórios das aves não se sobrepunham. O gaio-verde alcançava apenas o extremo sul do Texas, enquanto o gaio-azul permanecia restrito ao leste do estado. Com o avanço de ambas as espécies para novas regiões, as populações passaram a se encontrar na área de San Antonio.

O primeiro registro do híbrido ocorreu quando um morador fotografou a ave em um quintal. O animal foi capturado em rede de pesquisa, teve sangue coletado para análise genética e, depois, foi devolvido à natureza. Anos mais tarde, voltou a ser visto no mesmo local, o que intrigou os cientistas.

O estudo destaca que a hibridização pode ocorrer com mais frequência do que se imagina. Muitas espécies têm potencial para cruzar, mas não entram em contato porque vivem separadas. A aproximação, no entanto, pode se intensificar à medida que os efeitos das mudanças climáticas alteram os ecossistemas.

Casos semelhantes já foram observados pela ação humana, como o “ grolar bear ”, mistura de urso-pardo com urso-polar, e o “ coywolf ”, híbrido de coyote e lobo. A diferença é que, no caso texano, a convergência ocorreu de forma natural.

O trabalho foi desenvolvido com apoio de programas colaborativos do sistema universitário do Texas e do projeto Planet Texas 2050, dedicado a estudar os impactos do clima nas próximas décadas.

*Com informações de IG