Rico em vitamina C e antioxidantes, o camu-camu, apelidado de “ouro da Amazônia”, desponta como uma promissora aposta para a indústria alimentícia.
A fruta, nativa das margens dos rios amazônicos, possui impressionantes níveis de vitamina C — cem vezes mais que o limão e vinte vezes mais que a acerola — além de alto teor de antioxidantes, tornando-a um aliado na prevenção do envelhecimento e no combate aos radicais livres.
Apesar de ser um produto amplamente conhecido no Peru, sua popularização no mercado brasileiro esbarra em diversos desafios na cadeia produtiva.
Cadeia Produtiva em Desenvolvimento
Embora a fruta já seja uma commodity no Peru, o cenário no Brasil ainda é incipiente. Em Roraima, onde a fruta é abundante, uma rede embrionária de ribeirinhos extrativistas começa a tomar forma, mas enfrenta desafios de infraestrutura, logística e regulamentação.
De acordo com Fernanda Cidade, do Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam), essa cadeia produtiva depende de apoio governamental para se expandir e se estabelecer, permitindo a criação de “bionegócios de grande valor”.
Na tentativa de fomentar essa cadeia, o Idesam desenvolveu uma consultoria em Roraima para mapear as dificuldades dos produtores e comerciantes locais.
A iniciativa identificou a falta de energia elétrica em áreas de colheita como um dos principais entraves, propondo alternativas para superar esses desafios.
Entre as soluções, a Fundação CERTI, parceira do estudo, sugere a implantação de indústrias próximas para produção de pó liofilizado e a utilização de pequenas embarcações equipadas com painéis solares para processar o fruto em polpa, inspirando-se na logística desenvolvida para o açaí.
Sustentabilidade e Preservação Ambiental
A relação do camu-camu com o meio ambiente é complexa. O fruto é encontrado em áreas impactadas pelo desmatamento e mudanças climáticas, o que afeta o ciclo natural das cheias dos rios.
Por essa razão, há discussões sobre o cultivo em terra firme como alternativa sustentável para reflorestamento.
No município de Bonfim, na fronteira com a Guiana, Aldenira Costa Maia preside uma associação dedicada à produção de polpa de camu-camu. A associação também fabrica geleias, bolos e doces com o fruto, vendido em feiras locais.
Segundo Aldenira, a Embrapa tem fornecido mudas para estimular o plantio, mas desafios como a irrigação das plantações ainda precisam ser superados, dado o caráter ribeirinho da fruta.
Expansão e Potencial Internacional
O camu-camu já é exportado em larga escala pelo Peru, que registrou um recorde de US$ 5 milhões em vendas em 2020.
Destinadas a mercados como EUA, União Europeia e Japão, essas exportações destacam o potencial da fruta. Sendo assim, incentivam o Brasil a explorar novas oportunidades de inserção nesse mercado crescente.
Contudo, para competir globalmente, o produto brasileiro enfrenta um longo caminho de regulamentações e qualificação da cadeia produtiva, segundo Jane Gaspar, engenheira da Fundação CERTI.
O camu-camu, com seus ricos nutrientes e potencial comercial, representa um novo horizonte para a indústria alimentícia no Brasil.
No entanto, transformar essa promessa em realidade requer superar desafios de infraestrutura, logística, regulamentação e qualificação da cadeia produtiva.
O estudo, portanto, realizado pelo Idesam em parceria com a Fundação CERTI apresenta um diagnóstico claro sobre essas questões, incentivando o desenvolvimento de uma cadeia sustentável e produtiva para o fruto no Brasil.
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