Aurélia Nobels integra a Ferrari Driver Academy, programa de talentos da marca, a qual compete pela Fórmula 4 (Fotp: Instagram)

A jovem de apenas 15 anos nasceu nos EUA, mas desde os 3 anos, vive no Brasil. Em conversa com Marie Claire, ela lembrou as dificuldades do início da carreira, situações de machismo e o que espera da carreira daqui para a frente. ‘Ter determinação é muito importante’

“É uma jornada difícil, mas, se trabalhar duro, os resultados chegam, é só não desistir”. Foi com essa determinação que Aurélia Nobels, 15 anos, conquistou o status de primeira mulher a chegar à Fórmula 4. A pilota é filha de belgas e nasceu nos Estados Unidos. Mudou-se para o Brasil com apenas 3 anos e, após se dedicar à corrida, conseguiu conquistar um outro feito no esporte: ser a única brasileira –como se considera– ganhadora do prêmio Girls on Track – Rising Stars, uma iniciativa da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), que tem o objetivo de incentivar a presença feminina nos campeonatos.

“Foi um sonho para mim, e eu sempre trabalhei muito duro para isso. Fiquei muito feliz”, celebrou, durante bate-papo com Marie Claire.

Aurélia integra a Ferrari Driver Academy, programa de talentos da marca, pela qual compete na Fórmula 4. E garante que, com toda dedicação ao esporte, consegue levar uma vida bastante comum como adolescente. “Eu tenho aula das 8h às 17h, de segunda à sexta. Quando sobra um tempinho, gosto de sair com as minhas amigas”.

Confira a entrevista completa

Marie Claire – Você iniciou sua carreira nesse esporte aos 10 anos. Desde então, como se sente fazendo parte de um ambiente que é dominado por homens?
Aurélia Nobels – No começo foi realmente um pouco difícil. É um esporte muito masculino, a gente não vê tantas mulheres, mas esse número está aumentando, e fico muito feliz com isso. No começo, eu sofri bastante com os meninos por ser a única mulher na Fórmula 4 Brasil. Mas agora eles respeitam mais. É um esporte importante para ambos os sexos. Não tem gênero. Eu sempre falo que mulher tem um lugar na pista e que a gente pode, sim, estar à frente deles. Isso não tem que ser problema.

MC – Você precisou se impor mais por ser mulher?
AN – No começo sim. É no começo que a gente cria respeito, e foi difícil. Eles me respeitam agora igual eles respeitam os meninos. Hoje em dia, eu não sofro nada.

MC – Como é sua rotina? Você consegue ser uma adolescente comum?
AN – É meio complicado para ir à escola. Eu tenho aula das 8h às 17h, de segunda à sexta. Quando eu volto para a casa, tenho que treinar na academia. Eu tento ir todos os dias, mas às vezes não consigo por causa das provas. Quando tenho um tempinho, eu gosto de sair com as minhas amigas e fico também com a minha família. É uma vida normal mesmo.

MC – Quem é sua inspiração?
AN – A minha inspiração é a Bia Figueiredo. Eu a conheci no comecinho da minha carreira, quando corria na Granja Viana. Quando eu comecei a correr a Fórmula 4, ela até me mandou mensagem dizendo que torcia muito por mim. Ela foi assistir às minhas corridas, e achei isso muito legal, porque ela mostra apoio. Ela sempre me manda mensagem, e eu me inspiro bastante nela.

MC – Você já passou por uma situação de machismo?
AN – Quando eu comecei, um dia eu estava na frente de um piloto, e o pai dele falou para eu brincar de boneca, porque ali não era o meu lugar. Nestes últimos anos, eu não passei por nenhuma situação e acho isso legal, porque mostra que eu me enturmei com todo mundo.

MC – Você é a única brasileira a ganhar o prêmio Girls on Track – Rising Stars. Como foi receber esse prêmio?
AN – Eu fiquei muito feliz. Foi um sonho para mim, e eu sempre trabalhei muito duro para isso. Fico muito feliz. E 2023 vai ser um ano incrível, divertido e cheio de trabalho.

MC – Você se considera inspiração para outras mulheres pilotos?
AN – Tem bastante meninas me acompanhando, então, eu realmente espero estar incentivando. É uma jornada difícil, mas, se trabalhar duro, os resultados chegam. É só não desistir e confiar. Tem também que está focada. A determinação é muito importante. É só correr atrás dos seus sonhos que vai dar certo.

MC – Qual o seu maior sonho?
AN – Chegar à Fórmula 1. Tenho que manter minha calma, no passo a passo, e ir sempre aprendendo. Acho que agora que eu entrei na Ferrari, vai ser um caminho mais fácil.

MC – Você nasceu nos EUA, mas vive no Brasil desde os 3 anos. Você se sente mais brasileira do que americana?
AN – Eu me sinto realmente brasileira. Como vim com três anos, me considero mais brasileira. Eu passei a minha vida inteira aqui. Por isso que eu falo que realmente vou representar o Brasil. Estarei com a bandeira do Brasil lá fora. Realmente é Brasil.

Com informações da Marie Claire