Ator manauara Ryron Queiroz celebra sucesso de “Engajados” e sonha com carreira internacional

Gravada em Manaus e vencedora de três prêmios no Rio WebFest, a websérie “Engajados: Minha Missão é Salvar” marca mais uma etapa na trajetória do ator manauara Ryron Queiroz, de 17 anos. Na produção, ele retoma o personagem Arthur – o mesmo que interpretou na websérie “A Última Missão” – agora em uma trama com temas atuais e sensíveis, como cyberbullying e responsabilidade digital.

Indicada a sete categorias, Engajados conquistou três dos principais troféus do Rio WebFest, o maior festival de webséries do mundo, realizado na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro, no início de dezembro. Os prêmios foram nas categorias de Melhor Elenco em Websérie Infantojuvenil, Melhor Websérie Infantojuvenil e Melhor Direção de Websérie Infantojuvenil (para Rudy Barros), superando concorrentes de peso como Estados Unidos e Canadá.

Para quem acompanhou a disputa no Rio WebFest, a combinação entre tema abordado, execução técnica e atuação do elenco chamou atenção e contribuiu para que Engajados se destacasse entre as concorrentes. Para Ryron, ver uma série produzida no Amazonas alcançar essa consagração mundial confirma o talento presente na região.

“É muito forte ver algo feito aqui no Norte sendo reconhecido lá fora. A gente cresceu ouvindo que só o que é feito no eixo Rio–São Paulo tem valor, mas quando uma websérie feita em Manaus vence três prêmios mundiais… isso fala por si só. É a prova de que há muita gente boa produzindo, estudando, se dedicando. É uma vitória de todos nós”, celebra.

Ryron conta que sua relação com a atuação começou bem cedo, aos oito anos, quando brincava com bonecos e encenava pequenas histórias, até contar à mãe que queria ser ator. “No começo ela nem levava muito a sério, mas depois começou a me ajudar. Procurou cursos, testes, teatro e até aulas de inglês, pensando em oportunidades futuras fora do país”, contou.

E foi assim que Ryron iniciou a formação artística ainda aos oito anos, no Serviço Social do Comércio (Sesc), passando por escolas e companhias que ajudaram a lapidar seu talento, incluindo três anos de estudos no Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro. O teatro veio primeiro, com peças no Teatro Amazonas, Teatro da Instalação e apresentações anuais que se tornaram parte da rotina.

A mãe, Marlice Pessoa, se recorda bem da primeira vez que o viu em cena. “Ele interpretou o Pedro, bem pequenininho, em uma peça chamada A Menina e o Vento. Eu já sabia que era aquilo que ele queria. Ele nasceu com esse dom”, conta.

Amadurecimento e reencontro

O amadurecimento veio rápido. Ryron participou de competições nacionais de elenco, vencendo premiações de melhor atuação e conquistando bolsa de estudos em teatro. Com o tempo, passou também por comerciais e figurações que o familiarizaram com o set. A transição para o audiovisual se consolidou com “A Última Missão”, onde foi protagonista interpretando Arthur, personagem que reencontraria três anos depois na websérie Engajados.

Ryron explica que o teatro ajudou, mas não foi suficiente para o cinema. “A atuação é diferente. Eu sabia como era o palco, mas não sabia atuar para câmera. A professora lá da escola me ajudou muito nessa transição”. A experiência em A Última Missão também foi essencial, principalmente a preparação de elenco, que o ajudou a entender ritmo, emoção e construção de personagem.

Em Engajados, Ryron vive novamente Arthur, agora mais velho e enfrentando temas mais sérios. Se antes a história tinha um tom fantasioso e infantil, agora o universo é mais próximo da realidade, tratando de cyberbullying, responsabilidade digital e as consequências emocionais de uma onda de ataques virtuais.

“Foi diferente, por ser um tema mais sério. Mas meu personagem não estava diretamente no conflito. Acho que foi mais desafiador para a Aurora [atriz que interpreta a protagonista Nikki]”, comenta. “Cyberbullying é algo que muita gente vive e nem percebe. A série mostra muito isso: como um comentário ou uma atitude online pode acabar machucando alguém”, completou.

Ryron explica que Arthur funciona como uma espécie de “bússola moral” dentro da narrativa da websérie, ajudando a protagonista Nikky (Aurora Laan) nos desafios da trama. “Ele sempre busca conhecimento, especialidades e desafios dos Desbravadores. Quando a Nikky se vê no problema, ele a ajuda a se redimir”, resume. O ator também destaca as referências cruzadas entre Engajados e A Última Missão: quem assistiu à primeira série percebe na segunda os ecos da trajetória de Arthur.

A relação com o elenco no set também marcou a experiência do ator. Ryron conta que já conhecia parte do elenco, como Valentina e Aurora, da escola de teatro. Sofia, por outro lado, ele conheceu no set. “Viramos amigos. Todo mundo ali é meu amigo”, disse.

Além da websérie, o jovem ator vem se aventurando no teatro musical, algo que representou um grande salto pessoal, segundo a mãe, Marlice. “Quando era pequeno, ele dançava muito bem, chegou a ganhar o 1º lugar em uma competição Cover Kids como Michael Jackson e até teve uma entrevista na TV nacional”, lembra. “Com o tempo, ele se dedicou mais ao teatro e deixou a dança de lado. Este ano, no teatro musical, voltou a desenvolver o que havia deixado para trás e surpreendeu todo mundo no palco”, completou.

Novos desafios

Para o futuro, Ryron sonha alto. Ele revela que quer seguir se desenvolvendo, participar de produções internacionais e explorar papéis de ação ou super-heróis. Embora não tenha um personagem específico em mente, ele sabe que quer continuar crescendo. “Quero buscar mais reconhecimento e experiência. Estou me aperfeiçoando”, destacou.

Com o audiovisual amazonense ganhando visibilidade através de produções como Engajados, Ryron acredita no impacto regional. “O audiovisual no Brasil ficou concentrado em São Paulo e Rio. Aqui no Norte, a gente não tinha tanta visibilidade. Essas séries ajudam nossa cultura e nossos artistas a serem vistos”, afirma.

Do menino que encenava com bonecos ao jovem ator que coleciona prêmios, experiências e novos desafios, Ryron segue trilhando o caminho que começou bem cedo, agora impulsionado por uma geração de talentos que fortalece o audiovisual feito no Amazonas.