
Vice-presidente foi abordada por homem armado na porta de sua residência na noite de ontem; pistola falhou na hora do disparo
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, convocou um discurso em cadeia nacional para o início da madrugada de hoje (2), após Cristina Kirchner sofrer uma tentativa de assassinato. Ele repudiou o ataque, convocou todos os argentinos a lutarem contra o discurso de ódio “e qualquer forma de violência” no país e decretou feriado nacional nesta sexta-feira “em solidariedade” com a sua vice-presidente.
“Este ataque merece o mais forte repúdio de todos os setores políticos, de todos os homens e mulheres que compõem a república. Esses fatos afetam nossa democracia”, afirmou Fernández, referindo-se ao ocorrido como “o fato mais grave que aconteceu desde a recuperação da democracia” e um “evento de extrema gravidade institucional e humana”.
Cristina Kirchner sofreu uma tentativa de atentado na noite de quinta-feira. O ataque ocorreu em frente à sua casa, no bairro nobre da Recoleta, em Buenos Aires, onde um homem a abordou com uma arma de fogo, que falhou na hora do disparo, de acordo com imagens capturadas no local. Ele foi detido pelos agentes que cuidam da segurança de Cristina.
As autoridades disseram que o agressor foi identificado como Fernando Andres Sabag Montiel, um cidadão brasileiro de 35 anos, que tem residência na Argentina desde a década de 1990. Nascido em São Paulo, filho de um chileno com uma argentina, Montiel trabalha como motorista de aplicativo e tem antecedente criminal por porte de armas não convencionais.
Cristina estava conversando com apoiadores em frente ao edifício em que mora quando foi abordada pelo homem armado, que mirou sua cabeça e apertou o gatilho, mas a arma não funcionou. Segundo relataram ao jornal La Nación pessoas que estavam no local, a vice-presidente chegou a se agachar.
“Somos obrigados a recuperar a convivência democrática que foi quebrada pelo discurso de ódio que se espalhou de diferentes espaços políticos, judiciais e midiáticos. Podemos ter divergências profundas, mas em uma sociedade democrática, discursos que promovem o ódio não podem acontecer, porque geram violência e não há possibilidade de que a violência coexista com a democracia”, disse o presidente argentino em seu discurso.
Para Fernández, a Argentina “não pode perder mais um minuto” na luta para “banir a violência e o ódio do discurso político e midiático e de nossa sociedade”. Nesse sentido, apelou à população, “a cada um dos homens e mulheres argentinos, toda a liderança política e social, a mídia e a sociedade em geral a rejeitar qualquer forma de violência”.
“Precisamos isolar, não validar, as palavras desqualificantes, estigmatizantes e ofensivas que apenas nos dividem e nos confrontam”, enfatizou. “Que o choque, horror e repúdio que este evento gera em nós se torne um compromisso permanente para erradicar o ódio e a violência da vida em democracia”.
O chefe de Estado argentino declarou feriado nacional nesta sexta-feira, para que, nas palavras dele, “o povo possa se expressar em defesa da vida, da democracia e da solidariedade” com a vice-presidente Cristina Kirchner.
Com informações de O Globo