A área de floresta nativa atingida por queimadas na Amazônia cresceu 132% em agosto deste ano em relação ao mesmo mês de 2023. No total, foram 685 mil hectares de floresta queimada na Amazônia no período mais recente ante 295 mil no ano passado.
Os dados foram divulgados nesta semana e são do Monitor do Fogo, uma iniciativa coordenada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), na rede MapBiomas.
Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam, explica que o fenômeno El Niño tem influência considerável sobre as fortes queimadas.
“A gente consegue perceber os picos de incêndios, que ocorrem em anos com El Niño ou grandes eventos climáticos. Isso indica que essas condições climáticas são um fator de muita influência para que as queimadas extrapolem e se transformem em grandes incêndios.”
Na série histórica comparativa dos oito primeiros meses de cada ano desde 2019, agosto é o mês com maior área queimada anual na Amazônia. No entanto, agosto de 2024 desponta com aumento de 54% na área queimada no bioma em relação a 2023, impulsionado, principalmente, pelas queimadas em áreas de florestas.
As terras indígenas registraram a maior parte afetada por incêndios florestais na Amazônia nos oito primeiros meses deste ano, com 24%. Em comparação com 2023, quando tiveram quase 937 mil hectares queimados no período, o aumento é de 39% no fogo nessas áreas em 2024, com 1,3 milhão hectares.
Na sequência estão os imóveis rurais privados com Cadastro Ambiental Rural e Sistema de Gestão Fundiária, com 23% da área queimada.
As Florestas Públicas não Destinadas, principal alvo da grilagem na Amazônia, tiveram o maior aumento entre as categorias fundiárias: 175%, passando de 308 mil hectares em 2023 para 849 mil em 2024.
De acordo com o Ipam, o aumento da área queimada em terras indígenas e nas florestas públicas não destinadas revela uma dificuldade de combater o fogo em áreas onde a infraestrutura e o acesso são difíceis.