Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) - Foto: Pedro França / Agência Senado
O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro(PL) baixou o tom nas críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas(Republicanos), após receber ordem direta do ex-presidente Jair Bolsonaro(PL).
A decisão de entrar em contato com o governador foi motivada por uma orientação do pai, que tenta evitar um desgaste prematuro entre seus aliados com vistas às eleições de 2026.
A ligação entre Eduardo e Tarcísio foi marcada por críticas do deputado, que mantém proximidade com a ala olavista do bolsonarismo.
O governador, por sua vez, buscou amenizar o clima e explicou que está em diálogo com Trump na tentativa de reverter as tarifas anunciadas contra produtos brasileiros.
Freitas se reuniu com representantes da Embaixada dos EUA e empresários paulistas para discutir os impactos das novas tarifas comerciais impostas pelo governo norte-americano. O encontro abordou os efeitos nas exportações de setores como café, carne, citricultura e máquinas, com preocupação sobre perda de competitividade e risco a empregos.
A conversa não foi suficiente para mudar a postura de Eduardo, que seguirá defendendo anistia e radicalizando o discurso. No entanto, ele terá uma posição mais tranquila contra Tarcísio.
Inclusive, o deputado chegou a se manifestar nas redes sociais. “Tive uma boa e longa conversa agora com o governador Tarcísio […] De lado a lado foram expostos pontos de vistas e a conclusão de que ambos atuam na melhor das intenções do interesse dos brasileiros. Visões de mundo diferentes são normais e saudáveis, bem como esta comunicação direta. Vamos adiante debater o que interessa” , pontuou.
Antes da conversa, Jair Bolsonaro tentou convencer o filho a evitar ataques públicos a Tarcísio. Sem sucesso, o ex-presidente endureceu o tom e exigiu uma mudança de postura.
Segundo uma liderança do PL, Bolsonaro avalia que sua família não pode desgastar Tarcísio neste momento, considerando que o governador pode ser o nome mais viável e competitivo para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) em 2026.
Resistência ao governador Tarcísio
A resistência à candidatura de Tarcísio, no entanto, é mantida por Eduardo e Carlos Bolsonaro (PL). Os dois não consideram obrigatória a escolha de um membro da família, mas rejeitam o nome do governador, que classificam como parte do “sistema”.
Eles também não apoiam Michelle Bolsonaro(PL) como eventual cabeça de chapa e preferem um nome ligado à corrente olavista do bolsonarismo.
A avaliação dos irmãos é que, em caso de enfrentamento com o Supremo Tribunal Federal, Tarcísio não se manteria fiel à pauta da anistia, diferentemente de nomes mais alinhados ao núcleo duro do bolsonarismo.
A leitura no entorno de Jair Bolsonaro é diferente: o ex-presidente ainda não decidiu quem será seu candidato em 2026, mas evita, neste momento, romper com o Centrão ou com os filhos.
O ex-presidente tem adotado uma estratégia de adiamento. A definição sobre o nome que o representará na disputa presidencial deve ocorrer apenas nos momentos finais da campanha, em um movimento comparado à decisão de Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, quando o ex-presidente anunciou Fernando Haddad (PT) apenas às vésperas do registro da candidatura.