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Em litígio com a Nike, Vinicius Jr pode receber até dez vezes mais se fechar com outra fornecedora de material esportivo. Gigantes como Adidas e Puma estão de olho na situação do atacante do Real Madrid (ESP) e da seleção brasileira.

O contrato de Vini Jr com a Nike vai até 2028 e advogados foram acionados para tentar rompê-lo. Para não configurar assédio, Adidas e Puma fizeram sondagens recentes com valores muito maiores aos que são praticados no atual acordo.

Pessoas próximas a Vini asseguram que a insatisfação com a Nike não é de ordem financeira, mas uma proposta com quantias elevadas pode ser diferencial. O atleta de 22 anos acredita que recebe um tratamento injusto da marca.

Vinicius Jr é patrocinado pela Nike desde os 13 anos, porém, sente que não tem o devido valor para a empresa. O descontentamento existe há meses e ele já deixou de vestir as chuteiras mais recentes nas fases finais da Liga dos Campeões da Europa.

Principal ativo da Nike na seleção brasileira, Vini utiliza atualmente um modelo antigo da linha Mercurial na Copa do Qatar. A marca tenta resolver o imbróglio, mas o UOL Esporte ouviu do estafe do atacante que “não tem mais volta”.

O ‘Malvadeza’ não participou dos últimos eventos da patrocinadora, nem mesmo do filme de lançamento do novo uniforme da seleção – no qual, em teoria, deveria ser a estrela dada a convergência de interesses: a Nike patrocina o Brasil e também o atacante do Real Madrid.

Vini teve ascensão midiática meteórica nesta Copa do Mundo e estampa diversos comerciais, aparecendo para o público brasileiro até mais do que Neymar nos intervalos dos jogos da seleção. Em sua rede social, o jogador possui um “destaque” para cada marca que fechou parceria, mas não para a Nike. A ação de organizar as parcerias em destaques foi feita depois do litígio com a gigante de materiais esportivos, então a Nike nunca esteve ali.

A Nike foi procurada pela reportagem do UOL Esporte, mas não respondeu sobre o assunto.
Ainda na liderança

Entre os 26 jogadores da seleção brasileira na Copa do Qatar, a Nike é a fornecedora de material esportivo com maior presença na equipe de Tite. O placar para a empresa norte-americana é de 10 a 9 no embate com a Adidas. A Puma tem outros sete jogadores.

O cenário das chuteiras da seleção brasileira para a Copa 2022 está assim:

Nike (10): Vini Jr, Richarlison, Rodrygo, Danilo, Marquinhos, Casemiro, Fred, Lucas Paquetá, Alisson e Éverton Ribeiro.
Adidas (9): Dani Alves, Alex Telles, Éder Militão, Fabinho, Bruno Guimarães, Raphinha, Gabriel Jesus, Gabriel Martinelli e Pedro
Puma (7): Neymar, Antony, Alex Sandro, Thiago Silva, Bremer, Ederson e Weverton.

Na eventualidade de perder Vini Jr, a Nike pode ver escapar das mãos um talento que tem perspectiva de presença na seleção a longo prazo, por mais que o fato de ser parceira da CBF já assegure, por si só, uma posição privilegiada nos compromissos da seleção.

O litígio com Vini Jr está longe dos planos da Nike, já que o jogador é um exemplo relevante dos projetos da empresa para o futebol: um jogador do setor de ataque, jovem, que atua em um time grande (Real Madrid) e já presente na prateleira mais alta do futebol. Vini foi oitavo na eleição de melhor do mundo na temporada passada, feita pela revista France Football.

Além de Vini Jr, a Nike vê em Rodrygo, também do Real Madrid, um perfil similar e com potencial de brilho futuro e chance de ser relevante ainda nesta Copa do Qatar.
Neymar ‘puxou a fila’

O camisa 10 do Brasil rompeu com a Nike em 2020 após ser acusado pela própria empresa de assédio sexual contra uma funcionária. O suposto incidente teria ocorrido em 2016 e foi denunciado em 2018 em um fórum criado pela própria empresa. Segundo a Nike, a marca encerrou relacionamento com Neymar porque o jogador se recusou a colaborar com a investigação. As investigações foram encerradas e consideradas “inconclusivas”.

Tão logo rescindiu com a Nike, Neymar assinou contrato com a Puma. A mudança teve algumas repercussões na seleção brasileira, patrocinada há anos pela Nike. Logo após a acusação de assédio ser revelada, Neymar apareceu em suas redes com a camisa da seleção e utilizando um ‘emoji’ para esconder o logo da antiga patrocinadora.

Em pronunciamento também na época da acusação, o camisa 10 da seleção atribuiu traição por parte da Nike.

“Ironia do destino, continuarei a estampar no meu peito uma marca que me traiu”, escreveu em suas redes em referência às camisas do PSG e da seleção.

Desde então, Neymar vem acumulando episódios com ações em que força dar visibilidade à Puma, nova patrocinadora. Na estreia na Copa do Mundo do Qatar, por exemplo, entrou com o calção baixo, mostrando a cueca da Puma, e abaixou para amarrar a chuteira da Puma sob “olhares” das câmeras do mundo todo. A tática de marketing de amarrar as chuteiras foi consagrada pelo Rei Pelé, que foi pago para realizar a ação na Copa de 1970 (México), antes do jogo entre Brasil e Peru. Foi uma das primeiras ações de marketing de emboscada da história do futebol.

Em 2014, Neymar chegou a ser advertido por mostrar o patrocinador na cueca. Dois anos antes, em 2012, o dinamarquês Nicklas Bendtner foi multado em 100 mil euros (R$ 260 mil na época) pela Uefa por mostrar o patrocinador na cueca durante a comemoração de um gol.

Outra ação de Neymar foi entrar em campo na estreia do Brasil na Copa com uma camisa sem o logo da Nike e só vestir a camisa da seleção já em campo. Pelas regras, quem tira a camisa em campo pode ser punido com cartão amarelo.

Com informações do Uol