O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou neste domingo (10.set.2023) as diretrizes para o mandato brasileiro no comando do G20, com foco em combate à fome, questões ambientais e reforma das instituições de governança global. A passagem simbólica de presidência do bloco foi feita ao final da 18ª cúpula dos chefes de Estado e de governo do bloco pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O Brasil só assumirá o posto de fato em 1º de dezembro.
No discurso de encerramento da cúpula realizada em Nova Délhi, capital indiana, Lula reiterou a posição brasileira de afastar das principais discussões do bloco a guerra na Ucrânia. Sem mencionar diretamente o conflito, o presidente disse que não se pode deixar que “questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias do G20”.
E completou: “Não nos interessa um G20 dividido. Só com uma ação conjunta é que podemos fazer frente aos desafios dos nossos dias. Precisamos de paz e cooperação em vez de conflitos”.
O conflito europeu foi o principal ponto de discordância entre os integrantes do bloco. A forma como a guerra na Ucrânia deveria ser tratada colocou em risco a divulgação da declaração final. Teria sido inédito se a cúpula não divulgasse o texto.
Por fim, a declaração foi publicada com a condenação ao conflito, mas sem menções diretas à Rússia. O documento rejeitou a invasão territorial e o uso da força contra a soberania ou independência política de qualquer Estado, disse que a ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível e saudou iniciativas pela paz na região.
Em condescendência com a Rússia e a China, o texto disse que o G20 não é o fórum adequado para resolver questões geopolíticas, mas enfatizou as consequências econômicas globais do conflito. O argumento foi defendido pelo Brasil e pela Índia.
Em sua fala, Lula também cobrou maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), a revitalização da OMC (Organização Mundial do Comércio) e a reforma do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
O presidente voltou a defender que a dívida externa de países pobres precisa ser equacionada e revista por instituições financeiras internacionais porque essas nações não conseguem pagar seus débitos.
“A comunidade internacional olha para nós com esperança, porque reunimos no G20 economias de países emergentes e países desenvolvidos”, disse.
Em sua fala, Lula apresentou o lema que o Brasil adotará para sua gestão à frente do bloco formado pelas maiores economias mundiais: “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.
O presidente informou também que serão criadas duas forças-tarefas: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.
De acordo com Lula, o mandato brasileiro terá 3 prioridades:
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Inclusão social e combate à fome;
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Transição energética e o desenvolvimento sustentável em 3 vertentes: social, econômica e ambiental;
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Reforma das instituições de governança global.