O Escritório de Direitos Humanos da ONU disse nesta sexta-feira que quase 70% das vítimas fatais verificadas na guerra de Gaza eram mulheres e crianças, e condenou o que chamou de violação sistemática dos princípios fundamentais do direito humanitário internacional.
A contagem da ONU desde o início da guerra, na qual os militares de Israel estão lutando contra os militantes do Hamas, inclui apenas as mortes que conseguiu verificar com três fontes, e a contagem continua.
As 8.119 vítimas verificadas são um número muito menor do que o número de mais de 43.000 vítimas fornecido pelas autoridades de saúde palestinas para a guerra de 13 meses. Mas o detalhamento da ONU sobre a idade e o gênero das vítimas corrobora a afirmação palestina de que mulheres e crianças representam uma grande parte dos mortos na guerra.
Essa conclusão indica “uma violação sistemática dos princípios fundamentais da lei humanitária internacional, incluindo distinção e proporcionalidade”, disse o escritório de direitos da ONU em uma declaração que acompanha o relatório de 32 páginas.
“É essencial que haja o devido ajuste de contas com relação às alegações de graves violações do direito internacional por meio de órgãos judiciais confiáveis e imparciais e que, nesse meio tempo, todas as informações e provas relevantes sejam coletadas e preservadas”, disse o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk.
O gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu não respondeu imediatamente a uma solicitação da Reuters para comentar as conclusões do relatório.
As Forças Armadas israelenses, que iniciaram sua ofensiva em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023, no qual combatentes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas no sul de Israel e fizeram mais de 250 reféns, afirmam que tomam cuidado para evitar ferir civis em Gaza.
Os militares dizem que aproximadamente um civil foi morto para cada combatente, uma proporção que atribui ao Hamas, dizendo que o grupo militante palestino usa instalações civis. O Hamas nega usar civis e infraestrutura civil, inclusive hospitais, como escudos humanos.
Ajith Sunghay, chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU para o Território Palestino Ocupado, disse aos repórteres em Genebra que as mortes incluídas no relatório foram verificadas por três fontes, como vizinhos, membros da família, ONGs locais, registros hospitalares ou funcionários da ONU no local.
“Os números são, obviamente, enormes em comparação com os anos anteriores, portanto, precisamos de tempo para nos atualizarmos e verificarmos”, declarou ele, acrescentando que achava que a contagem final da ONU provavelmente seria semelhante à contagem palestina.
A vítima mais jovem cuja morte foi verificada pelos monitores da ONU foi um menino de um dia de vida, e a mais velha foi uma mulher de 97 anos, segundo o relatório.
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