Sobrevoo do Greenpeace mostra queimada na Amazônia em 2024 (Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace)

Lábrea, Manicoré, Canutama, Humaitá e Novo Aripuanã aparecem entre as 38 cidades com a pior qualidade do ar no Brasil. Desse total, 13 estão localizadas na Amazônia Legal, segundo estudo da Coalizão Respira Amazônia, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

As queimadas e os incêndios florestais aumentaram 116% no bioma entre janeiro e agosto de 2024, atingindo uma área de 11 milhões de hectares. O uso do fogo para manejo do solo e áreas recentemente desmatadas libera grande quantidade de poluentes nocivos no ar.

A bióloga e pesquisadora Jéssica Barros sentiu os efeitos da poluição ao participar de uma atividade científica na Floresta de Caxiuanã, no Pará. Ela sofreu intoxicação pela fumaça e precisou buscar atendimento médico.

“Foi bem desesperador porque eu não conseguia abrir os olhos. A gente ficou dez dias e já nesses dez dias eu consegui sentir falta de ar, ardência nos olhos, muita dor de cabeça, tontura”, relatou.

A exposição prolongada a essa poluição afeta ainda mais as comunidades locais, que enfrentam dificuldades de acesso a atendimento médico.

“Em poucos dias eu pude perceber isso. Imagina as pessoas que vivem nessas áreas e não têm acesso rápido a enfermeiros ou a uma unidade de saúde”, ressaltou Jéssica.

A pesquisa aponta que cidades da Amazônia Legal registram índices de poluição alarmantes, comparáveis aos de grandes metrópoles. Entre janeiro e agosto do ano passado, um terço dos municípios com pior qualidade do ar estavam na região.

O estudo revelou ainda que em algumas regiões, como no Xingu, o nível de poluição do ar chega a ser 53 vezes superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Cidades mais afetadas na Amazônia

Acre: Feijó

Amazonas: Lábrea, Manicoré, Canutama, Humaitá, Novo Aripuanã

Rondônia: Porto Velho, Guajará-Mirim, Costa Marques, Machadinho do Oeste

Roraima: Iracema, Caracaraí, Mucajaí

A diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar, reforça que a degradação da floresta impacta diretamente a saúde pública.

“Falamos tanto da importância da floresta para um ar mais puro, mas o que temos visto é que municípios da Amazônia estão com uma qualidade do ar muito imprópria para a saúde humana. As queimadas têm sido a principal fonte dessa poluição”, explicou.

Com informações do SBT News