O presidente Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em encontro no Planalto - Foto: Ricardo Stuckert / PR / Divulgação

O Palácio do Planalto não viu como uma má notícia a possível candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República no ano que vem. A avaliação de aliados de Lula é que, apesar do sobrenome, ele seria menos competitivo do que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O primogênito foi escolhido por Jair Bolsonaro (PL). Inelegível, o ex-presidente não descartou o próprio nome até ser condenado por tentativa de golpe de Estado, em setembro, e ainda não havia chancelado nenhum substituto. Governistas ponderam, no entanto, que pode ser um balão de ensaio.

Flávio é visto por governistas como um nome mais regionalizado e segmentado. Aliados do presidente Lula (PT) apontam que, diferentemente de outras figuras da direita com maior abrangência nacional, o senador tem força mais restrita ao Sudeste e entre bolsonaristas, que já votariam em qualquer candidato que o ex-presidente indicasse.

O sobrenome seria o único componente de possível escalada. Sem nunca ter sido eleito para um cargo no Executivo, membros do governo apontam que ele teria dificuldade em falar em realizações e se contrapor aos dados de Lula em busca do eleitor mais ao centro —ou seja, sem apoio prévio a Bolsonaro ou ao PT—, visto em Brasília como o público definidor da próxima eleição.

Com Tarcísio, é diferente. Além de estar diretamente vinculado à gestão de Bolsonaro, o governador falaria ainda das realizações à frente do maior estado do país e é visto com um perfil muito mais técnico ou “moderado”, o que agrada este eleitorado.

Nisso, pontuam, não ter o sobrenome conta paradoxalmente como algo positivo. Para Tarcísio, seria muito mais fácil cooptar votos bolsonaristas, mas se desvincular da imagem radical geralmente atrelada ao ex-presidente, enquanto para o filho isso é tido como impossível por palacianos.

Para petistas, o anúncio também expõe mais um racha na direita, algo vantajoso para Lula. A decisão logo após a última rusga pública entre os filhos e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), outro nome considerado para substituir o marido, indicou para os governistas que o nome da oposição —seja ele qual for— enfrentará problemas para chegar a um consenso.

Balão de ensaio?

Tarcísio ainda preocupa o Planalto. Mais cautelosos, apoiadores do presidente dizem que a indicação de Flávio pode ser um “balão de ensaio” e que, caso seja rejeitado publicamente, possa dar ainda mais força para o governador de São Paulo, que viria como um “antídoto” para tentar reunir a direita.

O governador teria ainda mais chance de reunir partidos de centro. Atual secretário de Governo e Relações Institucionais de São Paulo, Gilberto Kassab, presidente do PSD, já afirmou que apoia o chefe. O partido é uma das maiores forças do Congresso e tem três ministros no governo Lula.

Outras legendas ao centro, como o MDB, também ficariam mais propensas a fechar com Tarcísio. As lideranças do partido no Sul e no Sudeste, oposição a Lula, também já declararam a intenção de marchar junto ao governador, enquanto os caciques do Norte e do Nordeste seguiriam com o presidente. Nenhum deles, no entanto, se pronunciou sobre Flávio.

*Com informações de Uol