As enchentes ocorreram em fevereiro de 2025 - Foto: Ricardo Stuckert / PR

Pesquisa recente da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) aponta que as enchentes na América do Sul devem mudar drasticamente até 2100 devido às mudanças climáticas. Pesquisadores usaram modelos climáticos avançados e simulações detalhadas de rios para projetar como chuvas e fluxos de água devem se comportar nas próximas décadas.

Chuvas vão se intensificar

Chuvas intensas de curta duração (1 dia) devem aumentar entre 10% e 30% na maior parte da América do Sul, enquanto eventos extremos com período de retorno de 100 anos podem se tornar até 50% mais intensos na Amazônia e na Bacia do Rio Orinoco, impactando cidades como Manaus, Belém e Iquitos. Chuvas acumuladas em 20 dias devem crescer significativamente, chegando a 60% nos Andes peruanos, afetando cidades como Cusco, Puno e La Paz, localizadas em regiões de relevo acidentado.

Impactos no Brasil

No sul do Brasil, incluindo os estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, enchentes atualmente com período de retorno de 5 anos podem ocorrer duas vezes mais frequentemente, enquanto eventos raros de 100 anos podem acontecer cinco vezes mais, afetando cidades como Porto Alegre, Caxias do Sul, Blumenau, Curitiba e Londrina. O aumento da frequência e intensidade das enchentes coloca em risco moradores, infraestrutura urbana e hidrelétrica, além de causar impactos econômicos significativos.

Em contraste, na Amazônia, Pantanal e Ilha do Bananal, os fluxos máximos projetados indicam reduções de até 80% em rios como Amazonas, Juruá e Xingu, tornando enchentes em cidades como Santarem, Macapá e Corumbá muito menos frequentes. Nos Andes e bacias de cabeceira, a combinação de relevo acidentado e aumento de chuvas intensas pode gerar enchentes rápidas e deslizamentos, afetando cidades como Cusco, La Paz, Quito e Huaraz, aumentando o risco para a população e para pequenas hidrelétricas locais.

O estudo evidencia que os impactos das mudanças climáticas não serão uniformes na América do Sul: enquanto o sul do continente deverá enfrentar enchentes mais frequentes e intensas, a Amazônia, o Pantanal e a Ilha do Bananal tendem a apresentar redução das cheias, embora isso possa gerar consequências ecológicas significativas, como a alteração de ciclos naturais de nutrientes e habitats aquáticos.

Esses resultados destacam a urgência de planejamento e estratégias de adaptação, voltadas para a proteção de populações, cidades e ecossistemas, garantindo resiliência frente às futuras alterações hidrológicas.

Impactos atuais no Sul do país

No domingo(22), uma chuva de granizo em Erechim, no Norte do Rio Grande do Sul, deixou mais de 200 pessoas feridas e afetou cerca de 38 mil moradores. A prefeitura da cidade chegou a decretar situação de emergência, e 54 prédios públicos foram danificados.

Na última semana, cidades de Santa Catarina também sofreram com fortes chuvas entre os dias 22 e 23 de novembro. Os temporais destruíram lavouras de grãos, frutas, hortaliças e tabaco. Ao todo, 32 municípios registraram algum tipo de dano, e 11 deles decretaram emergência.

*Com informações de IG