O módulo Bion-M nº 2, apelidado de 'Arca de Noé', após pousar na região de Oremburgo, na Rússia - Foto: Ivan Timoshenko / Roscosmos

O módulo biológico Bion-M nº 2, apelidado de “Arca de Noé”, voltou à Terra. A nave trouxe de volta uma carga incomum: animais, sementes e micro-organismos enviados para experimentos científicos. As informações são do jornal russo Komsomolskaya Pravda.

A cápsula pousou no sul da Rússia. O Bion-M aterrissou na última sexta-feira (19) na estepe da região de Oremburgo, no distrito de Ponomariovka, acompanhado por um estrondo que foi ouvido por moradores de vilarejos vizinhos.

Foram 30 dias de órbita. O módulo foi lançado no dia 20 de agosto do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, levado por um foguete Soyuz-2.1b. Após a decolagem, entrou em uma órbita quase polar, circulando a Terra a cerca de 370 a 380 quilômetros de altura, em um ângulo próximo a 97°.

O resgate ocorreu em condições adversas. Segundo o jornal, as equipes que recolheram o módulo trabalharam sem acesso à comunicação para recuperar o material o mais rápido possível.

A missão levou um verdadeiro zoológico. Camundongos, moscas, plantas, sementes e bactérias foram enviados para avaliar os efeitos da microgravidade e da radiação em organismos vivos.

Os cientistas russos destacam a importância das bactérias. “Entre toda a biodiversidade a bordo estavam também cepas únicas enviadas por pesquisadores de Oremburgo”, explicou o Instituto da Estepe da Academia Russa de Ciências. Segundo os especialistas, elas passaram por um “rigoroso teste espacial” e podem servir de base para novos medicamentos capazes de ajudar cosmonautas em expedições longas.

A maioria dos camundongos retornou com vida. Segundo o jornal, 10 roedores, dos 75 enviados no módulo, morreram. Cientistas do Instituto de Problemas Médico-Biológicos (IMBP) da Academia Russa de Ciências publicaram imagens dos animais sobreviventes sendo examinados, pesados e recebendo tarefas simples.

O experimento incluiu também plantas raras. Cerca de 4,5 mil sementes de 25 espécies da região de Samara foram levadas a bordo, incluindo tulipas, peônias e flores ameaçadas de extinção.

Resgate do módulo Bion-M nº 2, chamado de ‘Arca de Noé’, na região de Oremburgo, na Rússia – Foto: Ivan Timoshenko / Roscosmo

Parte das sementes já foi plantada. Na ultima quarta-feira (24), biólogos da Universidade de Samara iniciaram os estudos em uma “horta espacial” criada no jardim botânico local.

Pesquisadores querem comparar resultados. “As sementes retornaram a Samara para estudos pós-voo. Agora elas precisarão enfrentar o inverno terrestre para germinar na primavera”, disse a agrônoma Elena Kaiurova ao jornal.

O programa é estratégico. Para os cientistas, entender como a vida reage fora da Terra é fundamental para preparar missões de longa duração rumo à Lua e a Marte.

*Com informações de Uol