O BC (Banco Central) divulgou a ata com as motivações para a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006. No documento, os diretores do Copom (Comitê de Política Monetária) projetam que a taxa Selic permanecerá em níveis elevados “por período bastante prolongado” e não descartam retomar o ciclo de altas para atingir o objetivo de devolver a inflação para o centro da meta.
Copom prevê a manutenção dos juros altos por um período longo. A ata da 273ª Reunião do Copom defende que a permanência da taxa Selic no atual patamar de 15% ao ano como a estratégia adequada para conter o avanço dos preços e direcionar a inflação para a meta de 3% estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A avaliação considera que o avanço dos preços está “pressionado pela demanda”.
“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.” afirmou a ata da 273ª Reunião do Copom.
Diretores do BC destacam “novo estágio” da política monetária. Após a sequência de sete altas consecutivas, o Copom entende que a estabilidade dos juros vai permitir avaliar se a estratégia será suficiente para atingir os objetivos desejados. Ainda assim, as projeções ainda indicam o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em patamares acima do centro da meta por um período prolongado.
Novas elevações da taxa Selic não são descartadas pelo Copom. O documento destaca que o momento ainda “exige cautela” diante do ambiente marcado por “elevada incerteza”. “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado. Reafirmou-se o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”, diz a ata.
Mercado prevê que a taxa Selic ficará estável até o fim deste ano. A edição mais recente do Boletim Focus aponta que a Selic persistirá no patamar atual nas duas próximas reuniões do Copom. Para 2026, a expectativa é que a taxa sofra um corte de 0,25 ponto percentual, para 14,75% ao ano, no primeiro encontro realizado pelo colegiado no próximo ano. A trajetória de baixa é estimada por todo o próximo ano, até 12,25% ao ano.
Selic é principal ferramenta de política monetária contra a inflação. Com o avanço dos preços, a elevação dos juros é utilizada como alternativa para encarecer o crédito e limitar o consumo. Com o dinheiro mais caro, a demanda por bens e serviços tende a diminuir e, consequentemente, segurar o avanço do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), principal índice inflacionário do Brasil.
Inflação de serviços se mantém “resiliente”, afirma o Copom. A avaliação considera um reflexo do dinamismo do mercado de trabalho, que registra a menor taxa de desemprego da história (5,8% no trimestre encerrado em julho). O colegiado entende que o segmento tem um efeito menos perceptível do que o mercado de crédito, que reduziu o volume de concessões em meio aos juros no patamar mais elevado em quase 20 anos.
“Nota-se maior arrefecimento no consumo de bens mais ligados ao crédito em contraposição a bens de consumo mais ligados à renda.” afirma a ata da 273ª Reunião do Copom.
Estados Unidos
Tarifaço dos Estados Unidos preocupa os diretores do colegiado. O Copom afirma que mantém o acompanhamento da imposição tarifária sobre os produtos brasileiros exportados para os EUA. Segundo os diretores, o cenário é preocupante diante das incertezas ocasionadas pela política econômica norte-americana.
“Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.” afirma a Ata da 273ª Reunião do Copom
Efeito do tarifaço na economia norte-americana também preocupa. Os diretores do Copom afirmam que o impacto das cobranças sobre as exportações de centenas de países aos Estados Unidos sobre a inflação norte-americana gera dúvidas. A avaliação considera que a alta dos preços pode inibir o corte de juros e afetar o crescimento da principal economia do mundo.
Comitê entende que “deve preservar uma postura de cautela”. Diante das incertezas internacionais, o Copom avalia que existem “riscos de longo prazo” ainda presentes, com a adoção do tarifaço e o aumento dos gastos fiscais. “Como usual, o Comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica de inflação interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo”, diz a ata.
“A avaliação predominante no Comitê é de que persiste maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela.” afirma a ata da 273ª Reunião do Copom.
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