O presidente dos EUA, Donald Trump, faz comentários na Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York, em 23 de setembro de 2025 - Foto: Angela Weiss / Getty Images

Os Estados Unidos estão livres do uso de energias renováveis, segundo o presidente Donald Trump, que as classificou como “piada” e ignorou os dados científicos. A declaração foi dada na manhã desta terça-feira, 23, no discurso do norte-americano na 80ª edição da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, quando ele afirmou que países que apostam numa “agenda verde” vão fracassar.

O republicano também usou o tempo no púlpito para criticar políticas ambientais de administrações anteriores à dele. “Serei muito criticado por dizer isso, mas estou aqui para dizer a verdade. Não me importo”, disse.

“Aqui está outra área onde os Estados Unidos estão prosperando como nunca. Estamos nos livrando das falsamente chamadas energias renováveis. Aliás, elas são uma piada. Elas não funcionam. São muito caras. Não são fortes o suficiente para alimentar as usinas necessárias para tornar seu país grande”, declarou, ao chamar “aqueles grandes moinhos de vento” de “patéticos”, “ruins”, “caros para operar” e “precisam ser reconstruídos o tempo todo”.

O norte-americano disse que os países deveriam “ganhar dinheiro com energia, não perder. Se você perde dinheiro, os governos têm que subsidiar”. Trump voltou uma parte de seu discurso à China, afirmando que o país asiático costuma exportar equipamentos para a produção de energia renovável, mas sem ter muitos parques eólicos e priorizando o uso de “carvão, gás”. “Usam quase tudo, mas não gostam do vento. Mas com certeza gostam de vender os moinhos de vento”.

E o Japão não foi o único alvo de Trump, que também criticou as políticas climáticas adotadas por nações da Europa e declarou existirem “muitos países à beira da destruição por causa da agenda de energia verde”. Ele citou a Alemanha como exemplo, que, segundo o norte-americano, era “levada por um caminho muito doentio, tanto na (política de) imigração, quanto na energia”, quase “indo à falência”, mas que voltou com “o uso de combustíveis fósseis e com energia nuclear, o que é bom, é seguro”.

“Se vocês não se livrarem desse ‘golpe verde’, seu país vai fracassar. Eu sou muito bom em prever coisas. (…) Estou lhe dizendo que se vocês não se livrarem do golpe da energia verde, seu país vai fracassar. Eu sou o presidente dos Estados Unidos, mas me preocupo com a Europa”, continuou Trump.

No discurso, Trump criticou previsões antigas da ONU sobre mudanças climáticas, citando alertas de 1982 e 1989 que não se concretizaram. Ele ironizou a alternância entre “resfriamento global” e “aquecimento global” e classificou a agenda climática como “a maior farsa já perpetrada no mundo”.

De acordo com dados do relatório Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), a temperatura média global atingiu valor recorde em maio do ano passado pelo 12º mês consecutivo. Segundo os cientistas do observatório europeu, houve aumento de 0,65ºC comparado à média de 1991 e 2020.

O norte-americano usou uma parte do tempo para criticar o antecessor, o democrata Barack Obama. “Lembro-me de ouvir falar sobre a pegada de carbono, e o então presidente Obama entrava no Air Force One, um enorme Boeing 747, e não um novo, um antigo com motores antigos, que jogavam tudo na atmosfera. Ele falava sobre a pegada de carbono. Precisamos fazer alguma coisa. Então, ele entrava e voava de Washington para o Havaí para jogar uma partida de golfe. E, então, ele voltava para aquele avião grande e lindo, voava de volta e falava sobre isso novamente.”

Além de críticas às ações contra as mudanças climáticas, Donald Trump também usou seu tempo de discurso para ironizar a “promoção de paz” da ONU, exaltar índices da economia norte-americana e elogiar as deportações ocorridas nos EUA.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou ao prédio da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no mesmo momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subia ao púlpito do plenário da Assembleia Geral para iniciar seu discurso. Trump não assistiu ao início do discurso do líder brasileiro, que fez duras críticas às retaliações aplicadas pelos EUA contra o Brasil e autoridades brasileiras em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL), que condenou o ex-presidente a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

*Com informações de Terra