
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista nesta quarta-feira, 6, que não vai se humilhar diante da crise comercial e diplomática com os Estados Unidos. O petista afirmou que o presidente norte-americano, Donald Trump, tem demonstrado resistência ao diálogo. “No dia em que a minha intuição disser que o Trump está disposto a conversar, eu vou ligar para ele. Mas ele não quer conversar, e eu não vou me humilhar”, afirmou, em entrevista à agência Reuters.
Lula disse que o Brasil está disposto a negociar as tarifas impostas, mas que falta disposição por parte dos EUA. O presidente também destacou as ações diplomáticas encabeçadas pelo Itamaraty e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para tentar tratativas diretas com a Casa Branca e, ao mesmo tempo, com o empresariado americano.
“Veja que eu estou fazendo tudo isso quando poderia anunciar uma taxação dos produtos americanos. Mas eu não vou fazer porque não quero ter o mesmo comportamento que ele. Quero mostrar que, se um não quer, dois não brigam. E eu não quero brigar com os EUA”, declarou.
Apesar dos esforços diplomáticos, o mandatário admite enfrentar dificuldades para prosseguir seu plano de remediação da crise. Para Lula, as declarações de Trump sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a falta de abertura ao diálogo impedem qualquer forma de negociação.
“Nós estamos com os melhores negociadores em contato com os interlocutores dos EUA. Então, eu não tenho por que ligar para o Trump. Nas cartas e nas decisões, ele nunca fala em negociação. Só em novas ameaças”, disse.
Movimentações
Lula também afirmou que não vai se acovardar diante das intromissões vindas do estrangeiro. Por isso, a solução é buscar novos mercados compradores para os produtos nacionais e estabelecer novos acordos comerciais. Além disso, parte da estratégia é focada em remediar os problemas que já são sentidos.
“Muitas vezes, as pessoas morrem afogadas porque esquecem que o corpo humano é mais leve que a água. E muitas vezes, a pessoa começa a dar braçadas desesperadas e se cansa logo. Vamos aprender a boiar”, afirma.
O presidente indicou que a Índia é um país com potencial para estreitamento das relações comerciais e vê a possibilidade de triplicar o fluxo entre o país asiático com o Brasil. O fluxo entre as nações pode chegar a R$ 100 bilhões, segundo os cálculos do petista. “Nós não temos comprador privilegiado. Nós vendemos para quem quiser comprar”, concluiu.
