Você se lembra da Flávia de Malhação em 2004? A atriz Thaís Vaz, que interpretou a personagem, está usando uma experiência pessoal muito dolorosa para ajudar e conscientizar outras mulheres. Aos 19 anos, em um episódio de violência doméstica, Thaís perdeu a visão do olho esquerdo. Hoje, ela transforma essa vivência em um projeto teatral para alertar sobre os perigos dos relacionamentos abusivos.
A agressão aconteceu há cerca de 25 anos, durante uma viagem de Carnaval com amigos em Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Em uma entrevista emocionante à revista Marie Claire neste domingo (27), Thaís contou em detalhes o que viveu. Durante uma discussão, o então namorado deu um soco em uma janela de vidro, que se estraçalhou e atingiu o olho da atriz.
“Ele bateu no vidro, que quebrou com força e atingiu meu olho. Foi uma correria. Nem eu tinha entendido direito o que tinha acontecido. A janela formou uma bola com uma estaca, e o lugar onde ele bateu furou o braço dele. Ele perdeu muito sangue”, relatou Thaís.
Esse incidente foi o ponto mais grave de um relacionamento que já mostrava sinais de violência. Thaís lembra que as agressões eram crescentes. “Teve um dia que ele me deu um soco na costela no meio da rua. E eu ainda fui atrás dele, porque já não tinha mais amor próprio, difícil”, desabafou a atriz, mostrando como a dependência emocional pode afetar uma pessoa.
Após a agressão com o vidro, os dois foram levados ao mesmo hospital. “Foi super complicado, porque ele foi para o mesmo hospital que eu, e ficou esperando para operar. Eu também. Me colocaram numa maca gelada, o pessoal me atendeu super mal. Fiz uma cirurgia de cinco horas, mas não consegui recuperar a visão”, declarou.
O ferimento no olho foi gravíssimo e exigiu um tratamento longo e doloroso. “No começo eu não tinha perdido totalmente a visão. Tive descolamento de retina, catarata traumática, corte na córnea… Tudo de pior”, explicou. Mesmo após uma cirurgia complexa, a visão não pôde ser recuperada.
Thaís também compartilhou como o namoro começou, mostrando os primeiros sinais de controle e possessividade. Ela contou que, depois de participar de um desfile de biquíni escondida, o então namorado reagiu de forma agressiva. “Quando ele descobriu, disse: ‘Não quero namorada minha desfilando de biquíni’. Eu falei: ‘Ah, eu sou sua namorada agora?’ Então, meu pedido de namoro já foi feito assim”, relatou.
Ela descreveu o ex-namorado como alguém difícil até mesmo com os amigos, “irredutível”. “Era aquele tipo de pessoa que se ele falava, estava certo”, contou. Thaís, que se considera uma pessoa que “não abaixava a cabeça para ninguém”, lembra que as brigas eram constantes.
“Quando ele vinha com a agressividade dele, eu rebatia. E aí começava uma briga que todos os amigos ao redor sabiam que era um relacionamento tóxico, sabe? Todo mundo percebia”, complementou.
Com mais de duas décadas de carreira, Thaís Vaz agora está preparando a peça “Hiena: o riso sobre o tóxico”. O espetáculo é baseado em sua própria história e busca alertar outras mulheres. “A hiena-malhada é um dos poucos animais com clã matriarcal. A fêmea que domina. Tem várias histórias envolvendo isso. Vou usar como metáfora da minha história”, explicou.
O objetivo da peça é falar sobre “o resgate do instinto animal que a gente perde numa relação abusiva. É o instinto que dá o alerta”, finalizou Thaís.
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