Dentre as medidas consideradas pelo governo dos EUA para retaliar o Brasil, caso não anistie o ex-presidente Jair Bolsonaro, está o bloqueio de uso de GPS pelo país, segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo. Porém, isso é possível? Quais seriam as consequências?
Desativar o GPS no Brasil traria consequências que vão contra os interesses dos EUA. Segundo Diogo Cortiz, professor da PUC-SP, poderia trazer alguma “perturbação momentânea”, seguida de uma adequação a alternativas. Sem contar que isso prejudicaria centenas de empresas dos EUA que atuam no país.
“Um bloqueio de GPS poderia trazer algum tipo de perturbação momentânea, mas no médio e longo prazo só fortaleceria a tecnologia europeia, russa e chinesa” afirmou Diogo Cortiz.
Não há nenhum pronunciamento oficial do governo dos EUA. Desligar o GPS (Sistema de Posicionamento Global) de um país em específico seria um acontecimento sem precedentes. No passado, os EUA degradavam o sinal para uso civil (a tecnologia foi criada para uso militar), mas isso mudou com o tempo – o que permitiu o desenvolvimento de aparelhos e sistemas de mapas.
Especialista trata a notícia como “fake news”. Segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco e especialista na área de telecomunicações, é impossível desligar pontualmente o GPS. “Isso prejudicaria os EUA, pois o sistema só faz sentido tendo uma cobertura mundial”.
“Não faz sentido desligar o GPS. Teriam que fazer uma programação em que os satélites desligassem quando passassem pela América do Sul, prejudicando todos os países da região, além de aviões e navios que se guiam pelo sistema. Mesmo assim, não se faz isso de uma hora para outra” afirmou Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
Sinais do GPS são transmitidos para o mundo todo, e receptores na Terra conseguem calcular o local. Realizar o bloqueio específico de uma área para não receber esses sinais, explica Tude, exigiria repensar como funciona o GPS atualmente.
“Nem a Coreia do Norte teve o sinal de GPS desligado”, disse Marcelo Zuffo, professor de engenharia de sistemas eletrônicos da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo). Para o especialista, seria algo “esdrúxulo” se acontecesse, pois o Brasil não tem conflito militar contra os EUA.
Alguns países em conflito usam uma técnica chamada jamming para “bagunçar” os sinais de GPS. Ucrânia e Irã, por exemplo, empregam esse tipo de tecnologia para evitar que inimigos acertem com precisão alvos de ataques via drones.
Maioria dos smartphones modernos conta com receptores compatíveis com sistemas de “GPS de outros países”. O da Rússia é chamado Glonass; o da União Europeia foi batizado de Galileo, e o da China é conhecido como BeiDou – todos foram desenvolvidos para evitar a dependência dos EUA.
O GPS é mantido pelo Departamento de Defesa dos EUA e seu acesso é gratuito para todos os países. Sistema é mantido por uma constelação de satélites que ficam em órbita ao redor da Terra. Eles transmitem sinais de rádio, que são recebidos por receptores GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite), presentes em smartphones, carros, relógios e outros dispositivos eletrônicos.
Zuffo diz que conversa sobre desligamento de GPS é importante, pois é ocasião para país discutir sistema próprio. O professor da Poli-USP afirma que já teve projetos de satélites para geolocalização no MCTI, e que isso deveria ser retomado. Um eventual desligamento seria um “tiro no pé do agronegócio”, pois a agricultura depende de sistemas precisos para realizar um cultivo mais eficiente.
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