O presidente Donald Trump durante encontro com o israelense Binyamin Netanyahu, no Salão Oval da Casa Branca - Foto: Kevin Mohatt / Reuters
O bullying de Trump contra o Brasil está saindo pela culatra, é o que diz o título de um dos artigos publicados no The Washington Post, um dos jornais mais tradicionais dos Estados Unidos, neste domingo, 20. O texto faz referência ao anúncio de tarifas de 50% contra os produtos brasileiros, feito pelo republicano em protesto ao julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, até o momento, a situação não tem desenrolado conforme Trump planejava.
Assinada por Ishaan Tharoor, a análise aponta que as ameaças tarifárias de Donald Trump obrigaram outros países da região a se inclinarem para Washington, mas que “a economia do Brasil é maior e mais diversificada do que seus vizinhos e seu líder tem sentido uma oportunidade na crise”.
“Para Lula, cujos aliados de esquerda enfrentam uma dura eleição de 2026, o momento é um ganho inesperado. Pesquisas mostram apoio reanimado para seu governo em face do bullying americano provocado por Bolsonaro. As tarifas também prejudicam os interesses das elites empresariais, que muitas vezes são os maiores impulsionadores da oposição conservadora de Lula”, pontua o colunista.
Sendo assim, como descreve, o que era para ser uma demonstração do lema trumpista “Torne a América grande novamente” [Make America Great Again (MAGA)], se transformou em um “presente político” para Lula, que tem respondido à situação evidenciando a bandeira da soberania brasileira.
Trump também não tem conseguido o retorno que queria com relação ao STF – visto que os ministros do Supremo têm seguido os ritos normalmente. Como na última sexta-feira, 18, quando Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da Políca Federal após decisão do ministro Alexandre de Moraes. Em resposta, na noite do mesmo dia, o governo Trump anunciou a revogação do visto norte-americano de Moraes, assim como de familiares próximos e aliados políticos.
“É difícil conceber uma ação que o governo Trump poderia tomar na relação EUA-Brasil que seria mais prejudicial para a credibilidade dos EUA na promoção da democracia do que sancionar um juiz da Suprema Corte de um país estrangeiro porque não gostamos de suas opiniões judiciais”, pontuou ao jornal um funcionário do Departamento de Estado norte-americano, que falou em anonimato.
‘Aposta dobrada’
Trump apostou, e as autoridades brasileiras não abaixaram a cabeça: mas dobraram a aposta. Cientistas políticos ouvidos pelo Terra, sobre os impactos da operação contra Jair Bolsonaro em meio ao tarifaço de Trump, também avaliam que esse cenário ampliou o apoio político ao presidente Lula.
“O governo Lula está estancando um pouco a desaprovação popular. As atitudes que o governo está tomando estão aparentemente ajudando ele a recuperar um pouco a popularidade, o que inicialmente seria no discurso dos ‘ricos contra pobres’ agora também é no discurso da soberania nacional com relação aos Estados Unidos”, pontuou Simoni Jr..
“O Trump é muito imprevisível, mas claro que ele é constrangido também pelos interesses econômicos. E lá nos EUA alguns setores vão sair perdendo com essas taxas”, acrescentou.
Até o momento, não houve um novo posicionamento do governo norte-americano com relação às tarifas de 50%. O Brasil continua em articulação comercial com os Estados Unidos, mas dia 1º de agosto segue como o prazo para o início das tarifas.
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