Ministra Marina Silva na COP29 em Baku - Foto: Maxim Shemetov / Reuters

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva(REDE), participou nesta quarta-feira (2) de audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados e sofreu ataques do deputado Evair Vieira de Melo (PP).

Ela foi questionada sobre os índices de desmatamento e queimadas na Amazônia. Durante a sessão, Marina foi alvo de ataques verbais de parlamentares da oposição, em um ambiente marcado por embates ideológicos e políticos.

O encontro foi convocado pelo deputado Evair Vieira de Melo, que acusou Marina de fazer “adestramento de esquerda” e de manter um discurso alinhado com “ONGs internacionais”.

O parlamentar afirmou que a ministra não conhece o setor agropecuário por “nunca ter trabalhado” ou “produzido”, chamou-a de “mal-educada” e declarou que o ministério está em “péssimas mãos”.

A expressão “adestrada” foi repetida por Evair, o que provocou reação da ministra, que considerou o termo ofensivo.

Outros parlamentares também atacaram Marina. O deputado Zé Trovão (PL) afirmou que ela é “uma vergonha como ministra”.

O presidente da comissão, Rodolfo Nogueira (PL), acusou Marina de protagonizar “um dos capítulos mais desastrosos da política ambiental”. Já Capitão Alberto Neto (PL) sugeriu que ela pedisse demissão e a responsabilizou por prejudicar o agronegócio.

Durante a audiência, Evair de Melo ainda comparou a atuação de Marina a grupos como Farc, Hamas e Hezbollah.

Plenário da Câmara dos Deputados – Foto: Divulgação / Mário Agra / Câmara dos Deputados

A fala foi criticada por parlamentares aliados, como Túlio Gadêlha (REDE), que considerou a comparação inadequada. Gadêlha também pediu desculpas pelo uso da palavra “adestramento”.

Posição de Marina Silva

Em resposta, Marina Silva disse ter feito uma “longa oração” pela manhã e afirmou estar “em paz”.

Citou versículos bíblicos e rebateu as acusações com dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que apontam redução de 32% no desmatamento em todo o país e 46% na Amazônia.

Também destacou que o Ibama concedeu 1.250 licenças ambientais entre 2023 e 2025, sendo mais da metade destinadas à Petrobras.

Parlamentares da base aliada manifestaram apoio à ministra. João Daniel (PT) classificou os ataques como “lamentáveis” e elogiou sua trajetória. Lenir de Assis (PT) e Chico Alencar (PSOL) defenderam sua atuação e condenaram as ofensas.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também prestou solidariedade, enquanto a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, considerou os ataques misóginos e cobrou retratação.

Conflito

A audiência ocorreu em meio a tensões envolvendo a política ambiental. A ministra tem sido criticada por setores da base aliada, como o senador Omar Aziz (PSD), por sua posição em relação ao licenciamento ambiental e à BR-319.

A aprovação do Projeto de Lei 2.159/2021, que flexibiliza as regras de licenciamento, e a criação de unidades de conservação na Margem Equatorial, também geraram controvérsias no Congresso.

Marina afirmou que essas áreas não impedem a exploração de petróleo e que as decisões sobre o tema envolvem o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras.

*Com informações de IG