O condomínio de alto padrão Quintas de São José do Rio Negro, localizado no bairro Tarumã, zona Oeste de Manaus, dá um passo decisivo em direção à sustentabilidade com a implantação de um sistema descentralizado de tratamento de esgoto. Seis Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) começaram a ser instaladas no empreendimento, numa solução que alia engenharia de ponta e respeito ao meio ambiente, visando atender às especificidades do terreno e garantir cobertura total da área, consolidando o projeto como referência em responsabilidade socioambiental na região Norte.
O processo de tratamento de esgoto implementado nas ETEs do empreendimento segue um padrão consolidado: retenção de sólidos grosseiros através de gradis, seguido por um sistema anaeróbio para a decomposição da matéria orgânica e, finalmente, um sistema aeróbio com desinfecção para garantir a qualidade do efluente tratado. A capacidade de cada ETE varia entre 100 mil e 220 mil litros por dia, dimensionamento adequado para atender às demandas específicas de cada setor do condomínio.
A escolha por múltiplas ETEs, conforme explica Ugo Souto Orlando, químico da Greentech Saneamento da Amazônia Ltda, empresa responsável pela gestão das unidades, está ligada à conformação do terreno. “Como o terreno tem altos e baixos e é muito grande, não tinha como fazer uma ETE só, para atender todo o condomínio “, detalha.
No que tange aos parâmetros de qualidade da água, o empreendimento se baliza tanto pelo padrão federal do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), quanto pelo padrão municipal do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Ambiental de Manaus (CONDEMA). Embora com pequenas variações, cerca de 90% dos parâmetros são coincidentes, assegurando um tratamento rigoroso.
Na avaliação do especialista, hoje há um desafio regulatório local, que limita a adoção de tecnologias de tratamento mais inovadoras e com menor impacto ambiental, que já foram testadas e, em alguns casos, inviabilizadas por implementações inadequadas no passado.
Atualmente, o condomínio já possui a licença operação das ETEs da primeira etapa, cumprindo as determinações do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). A expectativa é receber em outubro, a licença da segunda etapa e definitiva do condomínio. O documento detalha as obrigações do empreendimento, incluindo a frequência das análises de qualidade da água e a destinação correta do lodo gerado no processo de tratamento e da gordura retida na entrada das estações. A remoção e o transporte desse material deverão ser realizados por empresas licenciadas pelo IPAAM, garantindo a disposição final ambientalmente adequada.
Em relação aos custos operacionais, Orlando assegura que são relativamente baixos, com um consumo energético modesto, concentrado principalmente nas bombas de circulação e sopradores de aeração, equipamentos de baixa potência.
A eficiência do tratamento, segundo o químico, é diretamente influenciada pelo comportamento dos moradores, de seguirem as regras indicadas. “A colaboração dos moradores em descartar resíduos de forma correta é, portanto, crucial para otimizar o desempenho das ETEs, podendo alcançar uma eficiência de até 95%”, afirmou.
