Eliana Michaelichen é uma das peças-chaves da Globo para reverter a sua rejeição junto a um dos públicos que mais cresce no Brasil, de acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A apresentadora estabeleceu um diálogo bastante interessante com os evangélicos em sua última passagem pelo SBT.
A emissora de Silvio Santos saiu até na frente da Record, que é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, na briga pela audiência dos religiosos. Raul Gil talvez tenha sido o pioneiro a abrir espaço de maneira sistemática para artistas da música gospel em suas atrações.
O Programa Eliana (2009-2024) também recebia continuamente cantores, anônimos e famosos, dedicados à música religiosa. Fernanda Brum –cuja fama é comparável a de Ivete Sangalo dentro do segmento– chegou a agradecê-la publicamente por essa abertura.
A musa dos dedinhos ainda prestou homenagens em sua atração a outros nomes ligados a igrejas neopentecostais, como Saulo Holtz (revelado por Raul Gil, inclusive) e Bruna Karla.
Eliana não é evangélica. Ela é católica declarada, devota de Nossa Senhora de Aparecida e Nossa Senhora de Fátima. Inclusive, gravou a última edição de seu programa no SBT em Portugal, com uma visita a Fátima. No entanto, conquistou o público que segue a religião ao abrir as portas para cantores que não costumam ter espaço em outras grades seculares.
Essa identificação do público evangélico de maneira muito orgânica com Eliana pode ser fundamental para reverter a rejeição que a Globo até hoje sofre do segmento, sobretudo após a desastrosa Babilônia (2015).
Hoje, a líder de audiência já abre espaço para a música religiosa em programas como o Encontro ou no Festival Promessas, mas de uma forma que ainda soa “artificial” para esses telespectadores.
A preocupação da Globo em dialogar diretamente com essa parcela do público é cada vez maior, como na inclusão de personagens evangélicos em Renascer e Família É Tudo, passando por Sol (Sheron Menezes) e sua família em Vai na Fé (2023).
O maior desafio, neste momento, é manter a imagem de Eliana “imaculada” para os evangélicos em um programa em que a própria apresentadora já disse que quer ser vista de outra maneira –o Saia Justa. Até aqui, ela sempre soube se posicionar –e muito bem– em temas espinhosos.
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