Empresas brasileiras e estrangeiras estão na mira da Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA) pelo uso irregular de terras públicas estaduais, apropriadas ilegalmente, para a geração e venda de créditos de carbono, adquiridos por gigantes multinacionais. O caso também é acompanhado pelo Ministério Público do Pará (MPPA), por meio de procedimento extrajudicial. Segundo as denúncias, além da grilagem de terras públicas, populações tradicionais locais não foram beneficiadas pelos projetos.
As denúncias foram divulgadas inicialmente pelo portal g1 e confirmadas pelo Terra. A Defensoria move quatro ações civis públicas na Justiça paraense contra a Prefeitura de Portel –município onde ficam as terras apropriadas–, cinco empresas brasileiras e três estrangeiras (uma britânica, uma canadense e outra norte-americana). As ações correm na Vara Agrária de Castanhal (PA).
De acordo a DPE-PA, os projetos de crédito de carbono foram estabelecidos em territórios tradicionais distribuídos em cinco assentamentos agroextrativistas estaduais, na área rual de Portel, no Arquipélago de Marajós. O local é ocupado por populações ribeirinhas, que não foram consultadas sobre os projetos.
São três os pontos observados pela Defensoria como base das denúncias:
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As empresas afirmam que os projetos foram estabelecidos em áreas de propriedades privadas quando, na verdade, se tratam de áreas do Estado;
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Os projetos necessitavam de autorizações do Governo do Pará por estarem em áreas públicas, o que, segundo a Defensoria, não aconteceu;
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Não houve qualquer tipo de consulta às populações tradicionais ribeirinhas para o estabelecimentos dos projetos, tampouco estudos prévios, o que gera riscos socioambientais à biodiversidade e aos conhecimentos tradicionais.