Resultados parciais de 39 pesquisas em temas estratégicos para a região Amazônica foram apresentados, durante os dois dias de workshop - Foto: Ayrton Lopes | Fapeam

Com foco em temas estratégicos para a região Amazônica, mais de 100 cientistas de diferentes localidades do Brasil participaram das apresentações dos resultados parciais de 39 pesquisas desenvolvidas no âmbito da Iniciativa da Amazônia +10, realizadas em colaboração com pesquisadores de outros estados, sendo 16 do Amazonas.

O evento promovido pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), foi realizado na Escola do Legislativo Senador José Lindoso, da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), no bairro Parque 10 de Novembro, nos dias 29 e 30 de abril.

A Iniciativa Amazônia+10 é um Programa de fomento à pesquisa, em parceria com o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência Tecnologia e Inovação (Consecti) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No Amazonas, a chamada é executada pelo Governo do Amazonas, via Fapeam.

Os estudos estão inseridos em quatro eixos principais: 1) Povos Indígenas, Saberes Tradicionais, Governança e Território; 2) Mudanças Climáticas, Biodiversidade, Bioprodutos e Recursos Naturais; 3) Cadeias Produtivas, Frutos Amazônicos e Bioeconomia; e 4) Doenças Infecciosas, Saúde e Zoonoses.

A diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales Mendes Silva, destacou que os pesquisadores participantes das oficinas tiveram a oportunidade de apresentar resultados preliminares de seus projetos e discutir com seus pares, de acordo com seu eixo temático, sobre avanços e conquistas nas pesquisas.

“Acredito que os pesquisadores ficaram bastante satisfeitos com o evento, com a oportunidade de falar sobre suas pesquisas e apresentar alguns resultados parciais. O workshop fortalece o Programa Iniciativa Amazônia +10, a região amazônica e o Brasil”, enfatizou Márcia Perales.

Durante o Workshop, o secretário-executivo da Iniciativa Amazônia +10 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Rafael Andery, destacou os próximos eventos que serão realizados.

“Já estavam previstos dois encontros presenciais em capitais da Amazônia, um para coletar os resultados parciais e acompanhando, e outro de consolidação dos resultados finais. Gostaríamos, inclusive, de ter um portfólio de todos esses projetos especificando o alcance, impactos e experiência”, disse.

Foto: Ayrton Lopes | Fapeam

Rafael enfatizou que está previsto o lançamento de dois editais: um dedicado à inovação orientada por missões e em cadeias da socioeconomia amazônica, que será lançado ainda este ano; e outro uma chamada mais tradicional de colaboração em rede em 2026.

Mudanças Climáticas

Um dos trabalhos apresentados foi o da pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Fernanda de Pinho Werneck, intitulado “Mudanças climáticas e a sociobiodiversidade amazônica: perspectivas da herpetofauna”, do eixo “Mudanças Climáticas, Biodiversidade, Bioprodutos e Recursos Naturais”. O estudo, em andamento, está sendo realizado em conjunto com cientistas da Paraíba, São Paulo, Tocantins e Paraná.

A pesquisa tem como foco a herpetofauna amazônica como referencial de biodiversidade para entender e mitigar os impactos das mudanças climáticas globais sobre espécies e populações naturais Amazônicas, através de novas abordagens eco-evolutivas e socioambientais integrativa

“Estamos podendo reunir esforços científicos e físicos na coleta de dados para esses animais para nos ajudar a avançar no entendimento dos processos biológicos envolvidos na resistência e vulnerabilidade das espécies e populações naturais. A gente foca em espécies silvestres típicas da Amazônia e em diversas escalas de estudo”, comentou a pesquisadora.

Vigilância Epidemiológica

No eixo “Doenças Infecciosas, Saúde e Zoonoses”, o pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Felipe Gomes Naveca, apresentou os resultados parciais do estudo “Vigilância epidemiológica de doenças febris agudas em zonas de fronteira da Amazônia ocidental: epidemiologia aspectos clínicos e infecciosos”, uma parceria entre pesquisadores do Amazonas, do Rio de Janeiro e de Rondônia.

Na oportunidade, o cientista explicou que o estudo avalia os aspectos das doenças febris agudas infecciosas em zonas de fronteira da Amazônia Ocidental Brasileira (Letícia-Colômbia e Tabatinga-Amazonas) e as mutações no genoma viral das variantes circulantes de SARS-CoV-2 na região, comparando com a zona de fronteira Guajará-mirim (Brasil) e Guayaramerín (Bolívia).

Naveca reiterou que o trabalho em conjunto com pesquisadores de outros estados reforça a ampliação da amostragem amazônica e o fortalecimento da vigilância de fronteira. “Fizemos um projeto com esse olhar, em uma parceria estreita com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), porque todos os resultados são comunicados imediatamente à vigilância. Não adianta a gente comunicar depois, por conta de ser um projeto de pesquisa, se às vezes é o momento de fazer alguma ação”, disse.

Inclusão social e água potável

A engenheira química da Universidade Federal do Pará (UFPA), Samira Carvalho, foi uma das pesquisadoras selecionadas na primeira etapa do Programa Amazônia +10, com o estudo “Projeto Amazônia Sustentável- Promovendo a inclusão social pelo acesso à energia elétrica e água de qualidade de comunidades locais amazônicas”. Ela foi uma das cientistas que apresentou o seu projeto no eixo “Povos Indígenas, Saberes Tradicionais, Governança e Território”.

A sua motivação para realizar a pesquisa veio de sua vivência amazônica em uma ilha e da dificuldade em tratar água. O estudo, que está em andamento, é realizado em conjunto com pesquisadores do Paraná e Pernambuco.

Foto: Ayrton Lopes | Fapeam

“Eu nasci numa ilha e vi a grande dificuldade da minha mãe em tratar a água. E vi, nessa oportunidade de usar o meu conhecimento para desenvolver um projeto modular que possa trazer benefício, desenvolvimento social, inclusão social e até econômica para as comunidades”, finalizou.

Iniciativa Amazônia+10

Os projetos apresentados ocorrem no âmbito da Chamada Pública n.º 003/2022 da Iniciativa Amazônia +10. Nessa chamada foram aprovados 39 projetos. Em 2024, um novo edital da iniciativa: Expedições Científicas aprovou 22 projetos.