Walcyr Carrasco encarou o desafio de abordar um tema denso em Meu Lugar no Mundo. O autor usou uma trágica experiência pessoal para falar de suicídio e das descobertas da adolescência em seu novo livro infanto-juvenil. Após o lançamento da obra na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o dramaturgo já trabalha em sua próxima novela, mas guarda segredo dos detalhes da trama
“No meu passado distante eu tive a história de um amigo que se matou, e essa memória permaneceu, mas eu não conto a história dele. Estudei bastante sobre depressão e suicídio para entender qual era o processo da abordagem e deixei emoção me tomar. É um processo intuitivo. O que a gente estudou vem para dentro da gente, e a emoção passa a falar mais alto”, conta ele ao Notícias da TV.
O escritor não costuma se prender a técnicas para separar trabalhos como os livros e novelas. As ideias simplesmente surgem. “Isso já acontece desse jeito mais intuitivo. Eu durmo bem, e em geral tenho essas ideias à noite, quando vou escrever. O escrever é algo que eu faço intuitivamente e com muito prazer, então quando eu entro no projeto, entro no coração, e aí vai. Agora estou desenvolvendo uma novela”, entrega.
Quem conhece o escritor apenas da televisão pode não saber que ele tem mais de 50 obras na literatura infanto-juvenil. Assim como na dramaturgia, os livros que dialogam com os jovens requerem atenção redobrada na linguagem e métodos de abordagem. Apesar de o livro já sair “com a cara que tem que ter”, como dita ele, a linguagem é mais simples e menos rebuscada.
“Todo vocabulário a gente procura fazer adequado, mas é um trabalho sério. Você precisa entender como funciona, o que está no universo da criança, o que vai sair desse universo dela. É um trabalho sério, e para o adulto a linguagem é mais solta, você pode escrever o que você quiser”, explica.
As pessoas têm suas vidas e suas histórias, e as crianças também têm histórias terríveis com as quais elas lidam. Então, esses temas profundos e fortes, quando são debatidos, estamos usando a realidade das crianças, que já ouviram falar do assunto. É bom falar com elas, para que assim possam formar uma opinião a respeito e não agirem por impulso.
Aos 70 anos, Carrasco vem de uma geração com costumes totalmente diferentes daqueles dos jovens de hoje, mas dialoga bem com qualquer público. Para o jornalista, a tecnologia e a literatura são aliadas.
“Eu acho que atualmente existem muitas possibilidades, porque o mundo em que a gente vive é muito rico de informação, de possibilidade, de carreiras… E esse mundo rico é bom porque oferece muitas possibilidades, mas às vezes confunde. Você não sabe muito bem o que escolher. Então eu acho que cada vez mais os jovens têm se informado de tudo que podem para escolherem com mais tranquilidade”, reflete.
Com informações do Uol