Lula recebeu Shahed al-Banna e outros repatriados da Faixa de Gaza que chegaram em Brasília - Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Compondo o grupo de 32 brasileiros repatriados vindos de Gaza, a jovem Shahed Al-Banna, de 18 anos, falou sobre suas perspectivas para o futuro. Em entrevista à GloboNews, ela diz não acreditar em um retorno para Gaza. “Voltar para Gaza? É difícil, porque quase não tem mais Gaza”, disse.

A jovem, que antes vivia em São Paulo, contou que morou por cerca de um ano e meio na Faixa de Gaza. Segundo ela, a família foi para o Oriente Médio após sua mãe descobrir que estava com câncer e desejar se despedir dos parentes. A mulher faleceu pouco tempo depois de chegar em Gaza e Shahed decidiu continuar vivendo lá.

“Vou ficar no Brasil, já estava tentando voltar para o Brasil antes da guerra, mas tive alguns problemas”, contou, acrescentando que o fato de que era menor de idade foi um impeditivo para que ela voltasse antes.

A jovem também afirmou guardar boas lembranças de Gaza. “É chamada de ‘Faixa de Gaza’, mas era um lugar bem bonito. Parecia Europa, um lugar com um estilo muito lindo. Só que agora infelizmente tá tudo destruído. E a minha casa lá já foi bombardeada, a maioria das casas já foi. Se eu voltar, eu vou voltar para onde?”, complementa.

Brasileiros repatriados

Shahed já havia dado um breve relato sobre o que viveu no conflito em Gaza. Ao desembarcar no Brasil, ela falou à imprensa, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Achamos que iríamos morrer e que ninguém saberia de nós. Até agora, não estou conseguindo acreditar que estou viva ainda. Achei que iria morrer. Estou feliz e emocionada de estar aqui”, disse, na noite da última segunda-feira, 13, em Brasília.

No discurso, ela ainda lembrou como foi o início da guerra, em 7 de outubro. “Quando começou a guerra, era para ser um dia normal. Eu estava me preparando para ir para a faculdade de manhã. E, de repente, começaram a cair as bombas, sem avisos. Ficamos assustados”, contou.

Shahed finalizou agradecendo os esforços do governo para a retirada dos brasileiros e pediu a Lula que ajudasse a retirar os demais familiares de Gaza. “Eu já perdi muitos familiares, já perdi muitas amigas nesta guerra. Já estão mortas. Já perdi a minha casa, que foi destruída”, disse.

O pouso na noite de segunda-feira encerrou a longa espera pela repatriação do grupo que ficou mais de um mês retido no enclave onde Israel trava uma guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Os brasileiros conseguiram cruzar no último domingo, 12, a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito. De lá, eles seguiram de ônibus para Cairo, onde a aeronave VC-2, cedida pela Presidência da República, esperava para dar início ao voo com escalas em Roma (Itália), Las Palmas (Espanha) e na base aérea do Recife, antes do pouso em Brasília.

Após o desembarque, Lula declarou que esse foi o “coroamento de um trabalho sério do governo”. Após ouvir os relatos dos repatriados, o presidente acusou Israel de “terrorismo”.

*Com informações de Terra