O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa enquanto assina ordens executivas no Salão Oval da Casa Branca, em Washington - Foto: Leah Mills / Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu ao ataque russo contra a capital da Ucrânia na manhã desta quinta-feira (24). “Pare, Vladimir!”, escreveu em sua rede social Truth Social, em recado a Vladimir Putin. “Não estou satisfeito com os ataques russos em Kiev. Desnecessários e em um momento péssimo.”
A declaração veio um dia após Trump afirmar que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, estava dificultando as negociações de paz para encerrar a guerra. “Mais de 5.000 soldados estão morrendo por semana. Vamos chegar a um acordo de paz”, disse Trump na mensagem direcionada a Putin.
No ataque mais recente, a Rússia disparou uma série de mísseis e drones contra Kiev, matando ao menos 12 pessoas, segundo autoridades ucranianas.
Antes da reação de Trump ao ataque, o governo russo já havia declarado que “concorda completamente” com o ex-presidente dos EUA em outra questão, a Crimeia.
Na véspera, Trump havia afirmado que a Ucrânia “perdeu há anos” a Crimeia —península no mar Negro anexada pela Rússia em 2014, sem o reconhecimento da comunidade internacional.
“Isso está totalmente alinhado com a nossa visão e com o que temos dito há muito tempo”, disse o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, em sua entrevista coletiva diária.
Na quarta-feira, Trump afirmou em sua plataforma Truth Social que a Crimeia, uma península no mar Negro com instalações navais soviéticas e russas, “foi perdida anos atrás”.
A proposta, no entanto, é rejeitada por Kiev. O governo ucraniano insiste que não aceitará abrir mão da Crimeia em troca de um acordo com Moscou.
Para Zelenski, o Kremlin está tentando “exercer pressão” sobre os americanos ao lançar um ataque massivo contra a Ucrânia. “[A Rússia] também está pressionando os Estados Unidos. Este é mais um motivo para o ataque de hoje”, disse o ucraniano durante entrevista coletiva na África do Sul, que decidiu interromper após o ataque.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse durante visita a Madagascar que não se pode esperar que Zelenski aceite os termos de cessar-fogo enquanto Kiev está sendo bombardeada. “Nós continuaremos a defender o direito do povo ucraniano de viver dentro de suas fronteiras reconhecidas internacionalmente.”
O governo Trump tentou negociar uma trégua entre Moscou e Kiev para encerrar o conflito de três anos e propôs reconhecer o controle russo da Crimeia como parte de um acordo de paz.
O ataque desta quinta coincidiu com os esforços diplomáticos até então malsucedidos de Trump, que durante sua campanha prometeu acabar com a guerra em 24 horas.
Na quarta, Trump afirmou ter chegado a um acordo com Moscou, mas não com Zelenski, a quem criticou por se recusar a aceitar a ocupação russa da Crimeia.
A Rússia, que lançou seu ataque militar ao vizinho em fevereiro de 2022, atualmente ocupa quase 20% do território da Ucrânia e, além da Crimeia, reivindica quatro outras regiões ucranianas como suas.