A Primeira Igreja Batista da Lagoinha em Alphaville (SP) prepara um grande evento para a virada do ano, no dia 31 de dezembro: o “Vira Brasil 2025”. Na descrição do evento há uma frase convidativa: “Faça parte de uma virada histórica!”. Com previsão de diversas apresentações de cantores gospel e de conhecidos pregadores, a organização divulgou as atrações: André Fernandes e Quezia Cadimo (os pastores da igreja), Alpha Music, Ana Nóbrega, Isaías Saad, Eli Soares, FHOP, Victor Hugo, Ronny Oliveira, Sued Silva, Banda Morada, Fernandinho, Richard Gordon, Camila Vieira e Paulo Vieira.
O que é o Réveillon da Lagoinha em Alphaville
O “Vira Brasil 2025” acontecerá no Allianz Parque e promete reunir mais de 40 mil pessoas. “Vamos transformar o Allianz Parque em um palco de avivamento, onde cada nota, cada palavra e cada voz ecoará com o poder de uma nova era!”, diz a campanha do evento.
Nas redes sociais, o evento tem dividido opiniões. Entre os fãs dos músicos e dos pastores famosos, percebe-se apoio ao evento; por outro lado, há muitas críticas de pessoas que ficaram sabendo do “Vira Brasil” pela força do algoritmo ou de posts patrocinados. Uma jovem comentou, decepcionada com a cobrança de ingressos: “Acredito que esse não seja o evangelho de fato!”. Outra escreveu “mais uma agenda de fim de ano para encher bolsos”; e também houve quem lamentasse: “triste ver como o evangelho virou negócio”.
As críticas se devem, principalmente, devido ao preço dos ingressos, que podem passar de R$ 3.500 para a área “VIP Experience”. O ingresso com menor preço, vendido a R$ 55 (com taxas), esgotou nos primeiros dias de divulgação. A igreja também promete oferecer um serviço de transporte de ônibus que sairá da sede da Lagoinha Alphaville até o Allianz Parque.
A realização de cultos durante a virada do ano é uma prática comum na tradição evangélica, com igrejas promovendo batismos, ceias e jantares nessa data. Contudo, a proposta oferecida pela Lagoinha Alphaville parece caminhar em outra direção, afastando-se dos moldes convencionais de celebração comunitária e focando em um evento de grandes proporções.
Críticas de líderes religiosos
Para alguns líderes religiosos e estudiosos, a proposta revela tendências preocupantes sobre o uso de estruturas religiosas para fins que parecem distantes do propósito original do Evangelho. O pastor Milton Paulo Silva, da Igreja Vineyard em Mogi das Cruzes, critica o evento, que ele considera uma expressão de uma igreja “megalomaníaca” e distanciada da vocação de Jesus.
Milton questiona o alto valor dos ingressos e o que vê como uma busca por lucro em detrimento do cuidado com os necessitados. “Eu não tenho problema com show, gosto de show e entendo que artistas precisam receber. O problema, para mim, é quando a igreja, que deveria ser um lugar de acolhimento e cuidado, se dedica a eventos visando lucro próprio e não para dividir com os pobres. Isso não é o Evangelho”, afirma.
Ainda na perspectiva do pastor Milton, o problema não está no uso de dinheiro, mas, como condenou Jesus, no acúmulo de riqueza. “Quando a igreja começa a se preocupar em acumular, perde seu foco, direção e vocação, envergonhando o Evangelho de Jesus”, conclui.
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