
A Venezuela informou nesta terça-feira, 26, que vai patrulhar com drones e navios da Marinha suas águas territoriais. O anúncio ocorre em meio a tensões com os Estados Unidos, que realizaram um deslocamento militar no mar do Caribe.
As autoridades venezuelanas também informaram, na segunda-feira, 25, a mobilização de 15 mil agentes de segurança para a fronteira com a Colômbia para operações antidrogas. O ditador Nicolás Maduro diz que a movimentação americana é uma “escalada de ações hostis”.
Já a administração de Donald Trump, por sua vez, sustenta que realizará operações contra o narcotráfico internacional, sem mencionar a possibilidade de invadir a Venezuela.
A mobilização dos EUA de três destróieres lança-mísseis e 4 mil fuzileiros navais, aos quais se somam outros dois navios, coincide com o aumento da recompensa para 50 milhões de dólares (R$ 270 milhões) pela captura de Maduro e a designação do chamado Cartel de los Soles como organização terrorista. Washington também acusa Maduro de ser o chefe do cartel de drogas.
Não há informações claras sobre para onde ou quando a frota americana chegará ao Caribe.
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, anunciou em um vídeo nas redes sociais um “importante desdobramento de drones com diferentes missões” e “percursos fluviais com infantaria da Marinha” no noroeste da Venezuela.
“Patrulhas navais no lago de Maracaibo, patrulhas navais no golfo da Venezuela e navios de maior porte mais ao norte em nossas águas territoriais”, acrescentou.
Maduro abriu o alistamento da Milícia Bolivariana, um corpo vinculado às Forças Armadas que integra civis e que os críticos acusam ter uma forte carga ideológica. Segundo o ditador, a Venezuela já conta com cerca de 4,5 milhões de reservistas para enfrentar qualquer ameaça, número que especialistas contestam.

Uma possível invasão americana na Venezuela é um tema que cerca a tensão entre os países. No entanto, analistas veem o cenário de uma operação direta contra Caracas como algo distante,
“Acho que o que estamos vendo representa uma tentativa de criar ansiedade nas esferas do governo e obrigar Maduro a negociar algo”, explicou o analista Phil Gunson, do Crisis Group.
Caracas exigiu ainda nesta terça-feira, nas Nações Unidas, “o cessar imediato do deslocamento militar americano no Caribe”, segundo um comunicado. O chanceler Yván Gil pediu o “apoio” do secretário-geral da ONU, António Guterres, para “restabelecer o bom senso”.
Trump impulsionou em seu primeiro mandato (2017-2021) uma política de máxima pressão contra Maduro, com uma série de sanções que incluiu um embargo ao petróleo, ainda vigente.
Em seu segundo governo, no entanto, iniciou contatos precoces com o chavismo para coordenar a deportação de venezuelanos sem documentos nos Estados Unidos.
O mesmo aconteceu com o petróleo. Depois de ordenar a suspensão das operações da gigante Chevron, Trump autorizou a renovação de uma licença especial que contorna o embargo.
“Todos os dias ficamos atentos a um navio, e a verdade é que os navios que estão saindo são de petróleo, alguns deles saíram da Chevron para os Estados Unidos”, destacou na segunda-feira a vice-presidente e ministra de Hidrocarbonetos, Delcy Rodríguez.
Movimentação militar na Colômbia
A Venezuela também libertou nesta terça-feira quatro ex-guerrilheiros do extinto grupo FARC e um oficial colombiano, detidos desde 14 de agosto, que agora estão de volta à Colômbia, informou uma agência governamental colombiana.
Os cinco colombianos, quatro signatários do histórico acordo de paz de 2016, cruzaram a fronteira da Venezuela com a cidade de Cúcuta, na fronteira nordeste do país, para “turismo” quando foram detidos. A Colômbia exigiu sua libertação e acionou mecanismos diplomáticos.
