A Uber baniu nesta semana cerca de 1.600 motoristas de seu aplicativo pelo “cancelamento excessivo” de viagens.
A empresa afirmou, em comunicado, que “dos cerca de 1 milhão de motoristas e entregadores parceiros cadastrados na Uber, 0,16% do total apresentaram — de maneira recorrente — comportamentos que prejudicam intencionalmente o funcionamento da plataforma”.
O banimento dos motoristas acontece após meses de reclamações dos usuários sobre o cancelamento e tempo de espera para corridas. Uma das imagens que circula nas redes sociais — e cuja veracidade foi confirmada pela reportagem –, mostra um dos motoristas excluídos da plataforma com um aviso da Uber dizendo que, de 3.648 viagens, ele havia cancelado 3.484 nos últimos 30 dias.
Os motoristas têm reclamado da alta no preço do combustível e do aumento dos preços de aluguel de carros.
Segundo a Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), o número de profissionais banidos “é exorbitante”.
“Estamos escolhendo as corridas para obter lucro, o combustível subiu 51% somente no ano de 2021 e as tarifas estão congeladas desde 2015”, afirmou a associação em uma postagem no Facebook feita nesta sexta-feira.
“Não podemos nos dar ao luxo de realizar tudo o que aparece, pois iremos pagar para o passageiro chegar ao seu destino, e não podemos ser punidos por isto”, continuou a Amasp.
De acordo com a Uber, “os motoristas parceiros são profissionais independentes e, assim como os usuários, podem cancelar viagens quando julgarem necessário”.
“O abuso no cancelamento de viagens não tem nada a ver com a liberdade do motorista parceiro de recusar solicitações. Na Uber, o motorista é totalmente livre para decidir quais solicitações de viagem aceitar e quais recusar. A conexão entre parceiro e usuário — quando nome, modelo e placa do carro são compartilhados e o usuário recebe a confirmação de que o motorista está a caminho — só ocorre depois do motorista ter conferido as informações da solicitação (tempo, distância, destino etc) e decidido aceitar a realização da viagem”, diz a empresa em nota.
A Uber ainda afirma que “a prática de cancelar diversas viagens em sequência logo após terem sido aceitas prejudicam negativamente todos que usam a plataforma”. “De um lado, impedem que outros motoristas parceiros gerem renda atendendo as mesmas solicitações de viagens canceladas, e, por outro, deixam os usuários esperando mais tempo ou até desistindo da solicitação”, afirma.
Alguns motoristas que prestam serviço para a Uber, inclusive, começaram a colar imagens na parte traseira do banco do passageiro de seus carros para “explicar” o porquê da demora e dos cancelamentos. Na foto, publicada no perfil da Amasp no Instagram, é mostrado que o valor do combustível não compensa o valor recebido pelo motorista no final da corrida.
No início deste mês a Uber e a 99 afirmaram ter revisado as taxas de pagamento.
A Uber, em nota, disse que “tem intensificado seus esforços para ajudar os motoristas parceiros a reduzirem seus gastos, com parcerias que oferecem desconto em combustíveis, por exemplo, assim como tem feito uma revisão e reajustado os ganhos dos motoristas parceiros em diversas cidades”. “Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, os valores de ganhos com viagens UberX foram reajustados em até 35%”, continuou.
No mesmo dia, o presidente da Amasp, Eduardo Lima de Souza, disse que o “reajuste era bem inferior ao que a classe necessita”, não sendo capaz de “suprir ou amenizar a situação financeira enfrentada”. (CNN BRASIL)