Carolina conseguiu filmar momento em que grupo deixou o catamarã em um bote - Foto: Carolina Topfstedt / Arquivo pessoal

Um grupo de quatro brasileiros sobreviveu ao incêndio e ao naufrágio da embarcação em que estavam hospedados nas Ilhas de San Blas, um arquipélago paradisíaco no Panamá, no último sábado, 6. Enquanto duas pessoas conseguiram pular do catamarã em chamas para um bote, outra dupla precisou nadar no mar com tubarões para evitar uma possível explosão. Enquanto isso, o capitão e um ajudante tentavam salvar pertences.

Os tripulantes não quiseram sair do catamarã na tentativa de recuperar pertences, uma vez que eles moravam na embarcação. No entanto, a dupla não conseguiu salvar nenhum item, e foi socorrida depois, com algumas queimaduras.

A empreendedora Carolina Pereira Topfstedt, de 32 anos, foi uma das sobreviventes. Ela contou ao Terra que estava acompanhada de Douglas de Melo Zulião, Leonardo Ricciarelli e Luciane Alves Casão em uma viagem ao Panamá que iria até o dia 14, mas foi interrompida precocemente.

“Só vi a feição do capitão de desespero e uma labareda atrás dele, e foi nesse momento que eu percebi que eu tinha que sair de lá o mais rápido possível. Pulei no bote e chamei meus amigos”, conta Carolina, que é moradora de Santos, no litoral de São Paulo.

Incêndio e naufrágio

O grupo de amigos chegou na embarcação na sexta-feira, 5, para o que seria uma viagem dos sonhos. Eles ficaram hospedados no barco com direito a refeições pescadas na hora e preparadas pelo capitão e quartos separados. Além disso, o grupo realizou diversas atividades, como stand up paddle, mergulho e avistaram tubarões de perto.

No sábado, Carolina e Luciane gravavam vídeos de tubarões ao redor do catamarã quando o capitão ouviu um estalo dentro da cabine e chamou seu ajudante. Os brasileiros notaram uma fumaça se formando, e um deles pegou um extintor para ajudar a combater as chamas.

O conteúdo do extintor acabou, mas o fogo ainda não havia sido contido. Foi nesse momento que Carolina decidiu deixar o barco usando o bote salva-vidas. Enquanto ela e um amigo pularam no bote, os outros dois amigos se jogaram ao mar e nadaram, mesmo cercados por tubarões, depois conseguindo entrar no bote. O grupo remou para longe, com medo de que houvesse uma explosão.

Outro bote ajudou os brasileiros a chegarem até uma ilha próxima, e depois voltou para resgatar o capitão e o ajudante. “O catamarã foi todo queimado com todos nossos bens. Perdemos todas nossas roupas, sapatos, maquiagens, joias, remédios, câmeras, passaportes, coisas que compramos no Panamá e na Colômbia, dinheiro, e muitas outras coisas”, conta a empreendedora.

Embarcação pegou fogo e naufragou em ilha do Caribe – Foto: Carolina Topfstedt / Arquivo pessoal

“Só eu e o Douglas conseguimos sair com nossos celulares. O capitão perdeu tudo o que ele tinha na vida, uma vez que aquela ela a casa dele”, lamentou.

Retorno ao Brasil

O grupo foi orientado pelo cacique de San Blas a fazer um boletim de ocorrência, e receberam ajuda da comunidade local para conseguir roupas, comida, água e um local para passar a noite. No domingo, 7, foram levados para a capital, Cidade do Panamá, onde foram ajudados pelo Consulado brasileiro, para que pudessem obter a documentação necessária para voltar ao Brasil sem passaportes — que foram perdidos no incêndio.

A viagem seguiria até o dia 14, mas precisou ser interrompida antes. O grupo conseguiu voltar para casa na madrugada de segunda-feira, 8. “Estávamos desolados, traumatizados, não tínhamos mais roupas e medicações. Acabamos perdendo o resto da viagem que tínhamos”.

“Ficamos muito tristes por não ter desfrutado inteiramente como pretendíamos desse país tão maravilhoso. No aeroporto, as pessoas podiam notar nosso estado, e teve gente que nos ajudou, emprestando blusas para não passarmos frio no voo”, relatou.

Carolina ainda disse que se preocupou muito com sua família durante os momentos de tensão. “Eu estava mais preocupada com a minha família longe, sem saber o que estava acontecendo comigo. Eu tremia ao ver a minha mãe”.

Ela ainda disse que está mais grata pela própria vida e pelo suporte que recebeu e apoio emocional, tanto no Panamá quanto no Brasil. “O aprendizado é fazer seguro viagem, ter fotos de todos os documentos e compartilhá-los com familiares e pessoas próximas e ter em mente o telefone de um contato de emergência”, recomenda.

*Com informações de Terra