Vladimir Putin e Donald Trump em cúpula no Alasca em agosto - Foto: Andrew Harnik / Getty Images via AFP
O plano de paz de 28 pontos apoiado pelos Estados Unidos para acabar com a guerra entre Ucrânia e Rússia, que se tornou público na semana passada, foi elaborado a partir de um documento de autoria russa apresentado ao governo Trump em outubro, de acordo com três fontes familiarizadas com o assunto.
Os russos compartilharam o documento com autoridades graduadas dos EUA em meados de outubro após uma reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Washington, disseram as fontes. O papel deixava claro as condições de Moscou para encerrar a guerra.
O documento, uma comunicação não oficial conhecida na linguagem diplomática como “non-paper”, continha linguagem que o governo russo havia apresentado anteriormente na mesa de negociações, e incluía concessões que a Ucrânia havia rejeitado, como a cessão de uma parte significativa de seu território no leste.
Essa é a primeira confirmação de que o documento -cuja existência foi inicialmente relatada pela Reuters em outubro- foi uma contribuição fundamental para o plano de paz de 28 pontos.
O Departamento de Estado dos EUA e as embaixadas da Rússia e da Ucrânia em Washington não responderam a um pedido de comentário.
A Casa Branca não comentou diretamente sobre o documento não oficial, mas citou os comentários de Trump de que ele estava otimista sobre o progresso do plano de 28 pontos.
“Na esperança de finalizar esse Plano de Paz, instruí meu enviado especial Steve Witkoff a se reunir com o presidente Putin em Moscou e, ao mesmo tempo, o secretário do Exército Dan Driscoll se reunirá com os ucranianos”, escreveu Trump.
Não está claro por que e como o governo Trump passou a confiar no documento russo para ajudar a moldar seu próprio plano de paz. Algumas autoridades de alto escalão dos EUA que o analisaram, incluindo o secretário de Estado Marco Rubio, acreditavam que as exigências feitas por Moscou provavelmente seriam rejeitadas pelos ucranianos, disseram as fontes.
Ceticismo sobre influência russa
Após a apresentação do documento, Rubio fez uma ligação com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para discutir o documento, segundo as fontes.
Falando a repórteres em Genebra nesta semana, Rubio reconheceu ter recebido “vários documentos escritos e coisas dessa natureza”, sem entrar em detalhes.
Desde que o plano de paz foi relatado pela primeira vez pelo Axios na semana passada, o ceticismo aumentou entre as autoridades e parlamentares dos EUA, muitos dos quais veem o plano como uma lista de posições russas e não como uma proposta séria.
No entanto, os Estados Unidos têm pressionado a Ucrânia, alertando que podem reduzir sua assistência militar se a Ucrânia não assinar.
O plano foi composto, pelo menos em parte, durante uma reunião entre o genro de Trump, Jared Kushner, o enviado especial Steve Witkoff e Kirill Dmitriev, chefe de um dos fundos soberanos da Rússia, em Miami, no mês passado. Poucos dentro do Departamento de Estado e da Casa Branca foram informados sobre esse encontro, disseram à Reuters duas fontes familiarizadas com o assunto.
Ontem, a Bloomberg informou que Witkoff havia aconselhado o assessor de alto escalão do Kremlin, Yuri Ushakov, sobre como Putin deveria falar com Trump. De acordo com as transcrições das ligações obtidas pela agência de notícias, Ushakov e Witkoff aludiram a um possível “plano de 20 pontos” já em 14 de outubro. O escopo desse plano aparentemente foi ampliado durante as conversas subsequentes com Dmitriev.
Plano revisado após reação global
A proposta dos EUA, que pegou as autoridades de Washington e da Europa desprevenidas, desencadeou uma reações na diplomacia em três continentes. O plano original mudou radicalmente desde então: nove dos 28 pontos originais foram cortados após conversas entre autoridades dos EUA e da Ucrânia, de acordo com a ABC News.
Um grupo bipartidário de senadores norte-americanos disse no sábado que Rubio havia dito a eles que o plano de 28 pontos não era um plano dos EUA, mas sim uma lista de desejos russos, embora a Casa Branca e o Departamento de Estado tenham negado veementemente que Rubio o tenha caracterizado como tal.
Nas discussões que se seguiram, uma delegação sênior dos EUA, que incluía Rubio, concordou em eliminar ou modificar algumas das partes mais pró-russas do plano durante reuniões em Genebra com autoridades europeias e ucranianas.
Atualmente, Driscoll está se reunindo com uma delegação russa em Abu Dhabi. Uma delegação ucraniana também está nos Emirados Árabes Unidos para conversar com a equipe dos EUA, de acordo com uma autoridade norte-americana.
Ontem, as autoridades ucranianas disseram que apoiavam a estrutura modificada do acordo de paz que surgiu nas últimas negociações, mas enfatizaram que as questões mais sensíveis -as concessões territoriais são especialmente controversas- precisavam ser resolvidas em uma possível reunião entre Zelenskiy e Trump.
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