O presidente Lula (PT) em reunião ministerial no Palácio do Planalto - Foto: Evaristo Sá / AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que “o tempo vai provar” que ele estava certo ao comparar as ações das forças de Israel em Gaza com os atos da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

“Há 20 dias, como eu apanhei porque falei da Palestina”, disse Lula. Dizendo ser católico e acreditar que “Deus escreve certo por linhas tortas”, o presidente argumentou que o tempo provará que ele está certo em sua opinião sobre a guerra em Israel.

“O povo palestino tem o direito de viver, de criar o seu país”, defendeu. O presidente disse não ser aceitável anunciar doação de comida e ajuda humanitária para a população em Gaza, mas “mandar bala, mandar morte para aquelas pessoas”. “Até quando a gente vai ter medo? Até quando vamos nos curvar? Já passei por muitas histórias (…), então, nós temos que reagir em nome da democracia e das instituições.”

Enquanto Lula falava sobre o tema, a primeira-dama, Janja Silva, chegou a levar a bandeira palestina. Depois, a primeira-dama manteve a bandeira sobre o colo.

No evento, Lula também posou com uma bandeira da Palestina e declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “está tentando escapar” da possibilidade de ser preso.

Foto com bandeira palestina

No discurso que abriu o evento, o poeta Antônio Marinho pediu o “fim do genocídio” em Gaza e foi aplaudido de pé por Lula. Depois da fala, tirou uma foto com o presidente e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, empunhando a bandeira palestina.

Marinho foi diretor nacional de Cultura Popular no Ministério da Cultura. Ele ficou no cargo de março a julho do ano passado.

Leia o discurso feito pelo poeta Antônio Marinho no evento:

Se é Luiz de Lindu que está falando,

Se é o cabra nascido em Caetés,

Se é o que tendo só nove, é nota 10,

Se é o que o nosso país está salvando,

Se é aquele que vive confirmando a bravura do sangue nordestino e pediu, pelo povo palestino, pela paz, pelo fim do genocídio,

Eu nem leio os ditames do dissídio, eu só quero saber onde eu assino,

Viva o povo Palestino. Livre e soberano.

Abaixo o genocídio. Viva a paz e o amor.

Viva Luiz Inácio Lula da Silva.”

Presidente faz críticas a Israel

No dia 27, o presidente voltou a criticar Israel. Lula disse que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quer “efetivamente” acabar com os palestinos na Faixa de Gaza. Para Lula, que também condenou o “gesto terrorista” do Hamas, é hipocrisia achar que “uma morte [judeus] é diferente da outra [palestinos]”.

“Eu considero um genocídio porque é um Exército amplamente armado atacando uma parte da sociedade indefesa”, disse Lula. A fala foi concedida ao jornalista Kennedy Alencar, no programa “É Notícia”, da RedeTV!

Lula negou que tivesse usado a palavra “Holocausto” ao falar de Israel. Segundo o presidente, o termo foi uma “interpretação” de Netanyahu. “Eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender. Eu não esperava, porque eu conheço o cidadão historicamente há algum tempo, eu sei o que ele pensa ideologicamente”, acrescentou, fazendo referência ao premiê israelense.

Fomos os primeiros a condenar o gesto terrorista do Hamas, declarou. Para Lula, no entanto, é hipocrisia criticar o grupo extremista e defender os ataques de Israel em Gaza. “A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra”, disse. “Eu não posso condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o Estado de Israel (…) fazendo com inocentes as mesmas barbaridades”.

Falas de Lula sobre Hitler

Lula comparou ações de Israel na guerra com a morte de judeus por Hitler. As declarações foram feitas no último dia 18 de fevereiro, durante coletiva, após o presidente participar da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia. “O Brasil condenou o Hamas, mas não pode deixar de condenar o que o Exército de Israel está fazendo”, afirmou (assista abaixo).

Fala gerou forte reação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O premiê de Israel descreveu os comentários como “vergonhosos e graves”, acusando Lula de banalizar o Holocausto e ofender o povo judeu. “Fazer comparações entre Israel, os nazistas e [Adolf] Hitler é cruzar uma linha vermelha”, disse Netanyahu em comunicado.

Israel agora considera Lula como ‘persona non grata’. O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, disse no dia 19 de fevereiro que Lula não será bem-vindo até que se retrate pelos comentários feitos sobre a guerra. “Não vamos esquecer, nem perdoar. Trata-se de um grave ataque antissemita”, declarou.

*Com informações de Uol