Paisagem do lago Tefé em setembro de 2024, durante seca histórica no Amazonas - Foto: Alessandro Falco / INCT Adapta

As temperaturas globais devem continuar em níveis recordes, ou perto deles, nos próximos cinco anos, de acordo com um novo relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial), a agência climática da ONU.

Sem sinais de alívio para o aquecimento global. O relatório da OMM prevê que a temperatura média global próxima da superfície entre 2025 e 2029 ficará entre 1,2°C e 1,9°C acima da média registrada entre 1850 e 1900.

Aumento de riscos e impactos. Cada fração adicional de grau de aquecimento intensifica ondas de calor, eventos extremos de chuva, secas severas, derretimento de geleiras e calotas polares, aquecimento dos oceanos e elevação do nível do mar.

80% de chance de que pelo menos um dos próximos cinco anos supere 2024 como o mais quente já registrado. Também há 86% de chance de que pelo menos um desses anos ultrapasse o 1,5°C acima do nível pré-industrial. Há 70% de chance que a média de aquecimento para o período 2025-2029 ultrapasse 1,5°C. O relatório não fornece previsões específicas para anos individuais.

Aquecimento no Ártico deve continuar superando a média global. O aquecimento no Ártico, ao longo dos próximos cinco invernos estendidos (novembro a março), deverá ser mais de três vezes e meia maior que a média global, atingindo 2,4°C acima da média do período-base recente (1991-2020).

Avanço no degelo no Ártico. As previsões de cobertura de gelo marinho para março de 2025-2029 indicam novas reduções nas concentrações de gelo no mar de Barents, no mar de Bering e no mar de Okhotsk.

Padrões de precipitação apresentam grandes variações regionais. Os padrões de precipitação previstos para maio a setembro de 2025-2029, em comparação com a média de 1991-2020, indicam condições mais úmidas do que a média no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria, e mais secas que a média na Amazônia.

Acabamos de vivenciar os dez anos mais quentes já registrados. Infelizmente, este relatório da OMM não traz sinais de alívio para os próximos anos — o que significa impactos crescentes sobre nossas economias, nosso dia a dia, nossos ecossistemas e nosso planeta. Ko Barrett, vice-secretária-geral da OMM

Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em fevereiro – Foto: Charly Triballeau / AFP

Elevação das temperaturas

O ano de 2024 foi, provavelmente, o primeiro em que a temperatura média global ultrapassou 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, segundo o relatório Estado do Clima Global 2024, da OMM. A média anual ficou 1,55°C acima do período 1850-1900, tornando-se o ano mais quente em 175 anos de registros.

Esse limite de 1,5°C é o principal objetivo do Acordo de Paris, que orienta os esforços globais contra a crise climática. Embora o tratado se refira a médias de longo prazo, calculadas em períodos de 20 anos, o aquecimento acelerado já torna comuns os anos que ultrapassam esse valor, ainda que temporariamente.

A elevação das temperaturas tem provocado eventos extremos mais intensos, como ondas de calor, secas severas, enchentes e o derretimento de geleiras e calotas polares. A nova previsão indica que, entre 2015 e 2034, a média do aquecimento será de 1,44°C.

A COP30, que será realizada em Belém em novembro, analisará planos de ação climática atualizados dos países, as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), que são fundamentais para alcançar os objetivos do Acordo de Paris.

*Com informações de Uol