Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

A taxa de desemprego voltou a subir e atingia 7% da população brasileira no primeiro trimestre, mostram dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar de manter a trajetória da alta apresentada nos últimos meses, o resultado representa o menor patamar da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), coletada desde 2012, para o período.

Como ficou o desemprego

Desemprego é o menor em 13 anos para o primeiro trimestre. A taxa de 7% apurada pelo IBGE é a mais baixa do levantamento para o período. Até então, o menor nível de desemprego para os primeiros três meses do ano havia sido registrado em 2014, quando 7,2% da população buscava, sem sucesso, por uma colocação profissional. No mesmo intervalo do ano passado, o desemprego afetava 7,9% dos brasileiros.

Taxa de desocupação subiu nos últimos quatro trimestres. A comparação do índice com os três meses imediatamente anteriores aponta para a evolução do desemprego após atingir os menores níveis da série histórica em outubro (6,2%) e novembro (6,1%) do ano passado. Com as elevações, a taxa retorna ao maior patamar desde o trimestre encerrado em maio do ano passado (7,1%).

Mais de 7,7 milhões buscam uma colocação profissional. O número de pessoas que não tinham trabalho e procuram por uma vaga é o menor desde o trimestre encerrado em março de 2014 (7,1 milhões). No ano passado, 8,6 milhões procuravam emprego no terceiro trimestre. Apesar dos recordes, o valor é o maior desde maio do ano passado, quando 7,8 milhões procuravam uma colocação.

População desocupada cresceu 13,1% nos primeiros três meses de 2025. A entrada de 891 mil pessoas no grupo daqueles que buscam trabalho é indicada pelo IBGE como uma das causas para a expansão do desemprego no período. Apesar da alta, a população desocupada permanece 10,5% abaixo do contingente registrado no mesmo trimestre móvel de 2024.

“O bom desempenho do mercado de trabalho nos últimos trimestres não chega a ser comprometido pelo crescimento sazonal da desocupação. Mesmo com expansão trimestral, a taxa de desocupação do primeiro trimestre de 2025 é menor que todas as registradas nesse mesmo período de anos anteriores.” afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE

Entre os ocupados, houve redução de 1,3 milhão no número de trabalhadores. A redução do contingente para 102,5 milhões de profissionais também contribui para o aumento do desemprego entre os meses de janeiro e março. Ainda assim, o total permanece 2,3% acima do número de trabalhadores identificados na pesquisa referente ao primeiro trimestre do ano passado (100,2 milhões de ocupados).

Número de trabalhadores com carteira assinada segue estável. Apesar da redução da população ocupada, o total de vínculos celetistas permaneceu em 39,4 milhões. Por outro lado, o de empregados sem carteira no setor privado (13,5 milhões) caiu 5,3% na comparação com o último trimestre de 2024. “A retração da ocupação no primeiro trimestre ocorreu principalmente no emprego sem carteira relacionado à construção, serviços domésticos e educação”, explica Beringuy.

Foto: Agência Brasil

Salário médio renova recorde

Rendimento médio dos brasileiros avança para R$ 3.410. Já descontado os efeitos da inflação do período, o valor apurado no primeiro trimestre de 2025 é 4% superior ao contabilizado há um ano (R$ 3.270). Com a nova alta, o salário médio alcança o valor mais elevado da série iniciada em 2012.

Elevação foi observada em diversas categorias profissionais. Os destaques na comparação com o primeiro trimestre de 2024 ficam por conta do aumento salarial nas áreas de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+4,1%, ou mais R$ 85) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,2%, ou mais R$ 145). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa.

Massa salarial também atinge nível recorde, segundo o IBGE. Apesar da redução do número de ocupados no Brasil, a massa de rendimento real habitual alcançou R$ 345 bilhões, novo recorde da série histórica. O valor representa um crescimento de 6,6% (mais R$ 21,1 bilhões) em um ano.

O que é a Pnad Contínua

Divulgado desde 2012, o estudo do IBGE abrange todo o território nacional. Em suas coletas, a pesquisa avalia indicadores relacionados à força de trabalho entre a população com 14 anos ou mais. O grupo é aquele que integra a População Economicamente Ativa do país.

Os indicadores utilizam as informações dos últimos três meses para a pesquisa. Assim, os dados produzidos mensalmente pela Pnad não refletem a situação de cada mês, mas, sim, o desempenho de cada trimestre móvel do ano. Sendo assim, os números atuais mostram como foi o mercado de trabalho entre os meses de janeiro e março de 2025.

Taxa de desemprego é formada por quem busca e não consegue emprego. O grupo é caracterizado por pessoas de dentro da força de trabalho que não estão trabalhando, mas estão disponíveis e tentam encontrar emprego. O método utilizado pelo IBGE exclui do cálculo todos que estão fora da força de trabalho, como um estudante universitário que dedica seu tempo somente aos estudos e uma dona de casa que não trabalha fora.

*Com informações de Uol