Subiu para 38 o número de pessoas que morreram após o forte temporal que atingiu a cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio, na tarde de ontem, segundo a Secretaria de Defesa Civil. A prefeitura da cidade decretou estado de calamidade pública.

A forte chuva ocasionou também deslizamentos, inundações e alagamentos em diversos pontos da cidade. A previsão é de que mais vítimas sejam localizadas ao longo do dia. Moradores relatam desaparecimento de familiares, mas os bombeiros dizem não ter uma estimativa de quantas pessoas estariam nesta situação.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a região do Morro da Oficina deve concentrar o maior número de vítimas. Até o momento, foram contabilizadas 229 ocorrências, das quais 189 foram por deslizamentos.

Um dia após as fortes chuvas, o cenário na cidade é de destruição. Carros sobrepostos, casas destruídas, famílias procuram por parentes com uso de pás e enxadas.

A rua Teresa, conhecido polo de moda de Petrópolis, também foi uma região muito atingida pelas fortes chuvas. A rua amanheceu com acúmulo de lama, com carros que foram arrastados pelas águas e troncos caídos.

Também foram afetadas as regiões da 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga.

Cena de guerra, diz governador

De acordo com o governador do Rio, Claudio Castro (PL), em entrevista ao Bom Dia Rio, da Rede Globo, o volume de água nas ruas da cidade diminuiu. Segundo ele, 16 pessoas foram resgatadas com vida ao longo da madrugada. O governador avaliou que a cidade encontra-se em um cenário de guerra.

“Ao chegarmos aqui, a situação é quase de guerra, carro de cabeça para baixo, muito água, muita lama, a água foi baixando ao longo da madrugada. (…) O maquinário chegou nesta madrugada para ajudar no trabalho de abertura e limpeza [da cidade]. Dezesseis pessoas foram salvas durante a madrugada, desde ontem estamos combinando o trabalho de reconstrução [da cidade]”.

Ao menos 80 casas foram atingidas no forte temporal – a maioria na área de encostas.

Perguntado sobre os recursos que serão empregados para reconstrução de Petrópolis, o governador não definiu valores.

“Nesse momento nossa preocupação não é valores, é resgatar pessoas com vida e pensar na limpeza e normalização [da cidade]”.

Castro comentou ainda que as sirenes de alerta sobre o volume de chuvas funcionaram perfeitamente.

“Foram 200 milímetros de chuva em duas horas, o que chama de cabeça d ‘água, as sirenes funcionaram perfeitamente. A tragédia não foi maior porque as sirenes funcionaram, mas foi uma tragédia de uma hora para outra, uma quantidade de chuva absurda e infelizmente não teve como salvar todas as pessoas”.

A cidade conta com 18 sirenes do Sistema de Alerta e Alarme instaladas em comunidades e áreas de risco.

Petrópolis já vinha sofrendo há dias com fortes chuvas na região, mas ontem foram registradas cerca de 260 mm de precipitação em um período de seis horas levando caos ao município. Essa é a quantidade de chuva esperada para todo o mês. A previsão é de chuva fraca a moderada na região a qualquer momento.

“A Defesa Civil reforça que a cidade segue em estágio Operacional de Crise e orienta que a população fique atenta aos informes e alertas”.

Estrada bloqueada

A rodovia BR-040, que liga o Rio de Janeiro a Juiz de Fora, passando pela região serrana, está parcialmente bloqueada. Equipes da concessionária ainda trabalham no desmonte de uma rocha de grande porte que deslizou sobre a pista da subida da serra de Petrópolis, interditando parcialmente na ocasião o km 82 da BR-040, no sentido Juiz de Fora.

O serviço foi iniciado logo após a ocorrência, registrada na noite de ontem. “A ação causa interdições temporárias da pista para o desmonte e remoção dos fragmentos rochosos, com intervalos de reabertura do trecho para escoamento do tráfego. Além da rocha, terra e vegetação desceram da encosta do trecho com o forte temporal que atingiu Petrópolis”, diz em nota a concessionária responsável pela via.

Bolsonaro deve visitar a região

Em seu perfil no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem ter feito ligações para “auxílio imediato às vítimas”. Bolsonaro, que está na Rússia em viagem oficial, também determinou para que ministros de seu governo deem o apoio necessário às vítimas das fortes chuvas.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, postou em um rede social que Bolsonaro vai visitar a região na sexta-feira após regressar da viagem ao exterior.

*Com informações de Uol