Foto: Orlando Jr.

A severa seca causada por mudanças climáticas que atingiu o Amazonas em 2023 evidenciou um dos principais problemas sociais do Estado: a falta de água potável em comunidades distantes de centros urbanos. Em 2024, a previsão da Defesa Civil é de que o Amazonas tenha mais uma vez uma estiagem severa, devido os níveis dos rios estarem abaixo do esperado para a época do ano.

O projeto Água+Acesso, realizado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), com Fundación Avina e Coca-Cola Brasil, já beneficiou 1,6 mil pessoas afetadas pela seca de 2023 no Amazonas e consiste em um sistema de captação, tratamento e armazenamento de água potável para os comunitários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, no Estado de Amazonas, Brasil.

“Nós tivemos uma seca que foi muito drástica e não tínhamos de onde tirar água. Eu me sinto muito feliz e honrada por ter esse projeto aqui”. O relato é da professora Maria Ribeiro Lima, da comunidade Deus é Amor, situada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus.

Para amenizar esses impactos e promover bem-estar aos povos da floresta, o projeto fornece água tratada e própria para consumo direto nas torneiras das casas dos comunitários, promovendo melhoria na qualidade de vida, saúde e higiene. comunitários, promovendo melhoria na qualidade de vida, saúde e higiene. No Amazonas, em colaboração com a FAS e a Associação de Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), desde 2017, o programa já impactou seis mil pessoas em 35 comunidades, todos com modelos autossustentáveis por meio da gestão comunitária da água.

Em sua terceira incursão na RDS Piagaçu-Purus, projeto avança para expandir significativamente o acesso à água. Após impactar 1.188 pessoas de sete comunidades nesta região, a nova fase vai estender o acesso à água a 1.332 pessoas diretamente e a 273 indiretamente, em quatro comunidades ribeirinhas: Deus é Amor, Paricatuba, Uxi e Cuiuanã. Este esforço, conforme um diagnóstico socioeconômico de janeiro do ano passado, representa um aumento de 19% nas comunidades com poço artesiano dentro da reserva, destacando o compromisso do projeto com melhorias substanciais nas condições de vida e acesso a recursos básicos para as populações locais.

Para a professora afetada pela estiagem em 2023, o projeto é a realização de um sonho. “Nós dependemos da água para tudo e o meio que nós tínhamos aqui era o lago e agora isso muda totalmente. Nós tivemos uma seca que foi muito drástica e as algumas cacimbas de onde era retirada a água se esgotaram. Tivemos que comprar água da capital e a logística era muito complicada. Eu me sinto muito feliz e honrada por ter chegado esse projeto aqui. Para mim, foi até inesperado, pois nós já esperávamos que chegasse o projeto, mas não tão rápido. Eu vejo que é uma realização para a comunidade”, relata.

Serão instalados quatro sistemas comunitários de captação, tratamento e armazenamento de água em escolas municipais rurais de ensino fundamental, assegurando acesso à água de qualidade para os residentes das comunidades assistidas e das regiões do entorno na RDS Piagaçu-Purus.

A tecnologia adotada nas comunidades se beneficia do uso de energia sustentável por meio de painéis fotovoltaicos e está ligada a uma estação de tratamento de água. A estação usa um filtro de purificação feito de mineral zeolit, com capacidade de limpar até 5 metros cúbicos por hora. Ao todo, esta abordagem permitirá fornecer 56 milhões de litros de água potável por ano, por meio de quatro sistemas instalados.

Victor Bicca, diretor de Relações Governamentais da Coca-Cola Brasil, destaca que um dos principais objetivos globais da empresa é ampliar o acesso à água segura e ao saneamento, visando beneficiar as comunidades que protegem a floresta. “Nosso investimento em soluções sustentáveis, que se alinham às rotinas e às necessidades geográficas das populações ribeirinhas e das comunidades remotas, transforma suas vidas. Esse esforço reflete o compromisso da companhia com o Amazonas, visando reforçar o desenvolvimento regional e contribuir para a redução das desigualdades locais, especialmente nas áreas com difícil acesso”, afirma Bicca.

Da mesma forma, Antônio Robertino de Oliveira, de 36 anos, da comunidade Cuianã celebra a implantação do sistema e deseja que ele alcance outras pessoas. “Estou muito feliz e espero que esse projeto se expanda para outras comunidades que necessitam”, afirma.

De acordo com a superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades, Valcléia Solidade, o acesso à água é um direito de todo cidadão e é gratificante encontrar parceiros que se empenham em levar dignidade aos povos da floresta.

“Garantir para as populações das comunidades acesso à água segura, especialmente nesse momento onde as secas dos rios se tornam uma realidade cada vez mais presente, certamente nos faz ter a convicção de estarmos minimizando o sofrimento daqueles que cuidam do nosso ecossistema”, declarou Valcléia.

Com informações da assessoria