
Após a implementação de um sistema de alertas no Território Indígena Yanomami (TIY), foi constatado que sete em cada 10 denúncias são de atividades praticadas por não indígenas, incluindo garimpeiros. O sistema abrange, em sua primeira fase, 19 regiões da TIY e recebeu 70 denúncias desde sua implementação, entre março de 2023 e abril de 2024.
Os alertas gerados sobre atividades no território incluem temas como invasão e ameaças. Outros 18% dos alertas são relacionados a questões ambientais, como incêndios e água contaminada, e 12% sobre saúde, como casos de desnutrição e surtos de malária. O sistema foi implementado pelo Instituto Socioambiental(ISA), junto com a Hutukara Associação Yanomami (HAY) e é apoiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Para o vice-presidente da Hutukara e líder Yanomami, Dário Kopenawa, o projeto – que encerrou sua primeira fase no mês passado com um evento em Boa Vista, Roraima – apoia comunidades Yanomami e ajuda a denunciar invasões, situações de saúde e a gerir o território.
“Ainda estamos sofrendo, os garimpeiros continuam em nossas terras e continuam passando com seus aviões na cabeça do nosso povo, incomodando o nascimento das nossas crianças com o barulho de motores. Mas com o sistema de alertas temos a oportunidade de comunicar às autoridades sobre o que acontece dentro de território”, declarou Dário.
“Mais da metade dos mais de 30 mil yanomamis no território são crianças e jovens. O sistema de alertas, alimentado pelos próprios yanomami, vem como parte do processo de autonomia e controle do território, servindo como ferramenta para alertar o poder público e conscientizar a população sobre o que acontece na maior terra indígena do Brasil”, disse a coordenadora técnica para Assuntos Indígenas do UNICEF, Léia Vale.
A Casa de Governo, que centraliza a coordenação de 31 órgãos federais atuantes na TI Yanomami e no Estado de Roraima, esteve presente no evento do encerramento da primeira fase de implementação do sistema de alertas.
“Hoje o nosso grande objetivo é combater o garimpo em terras indígenas, mas também fora do território. Essas informações que chegam por meio dos alertas são importantes para organizar o nosso trabalho”, explicou o diretor da Casa de Governo, Nilton Tubino.
Além da Casa de Governo, estiveram presentes no evento de fechamento da primeira fase, no dia 24 de maio, órgãos como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e organizações indígenas como a Associação Wanassedume Ye’kwana (SEDUUME) e URIHI Associação Yanomami. Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara, discursa em eventos sobre a primeira fase do sistema de alertas do UNICEF, ISA e Hutukara – UNICEF/BRZ/Lais Muniz
