Carlo Ancelotti - Foto: @rafaelribeirorio / CBF

A sete meses da Copa do Mundo e com cada vez menos vagas abertas para a convocação final, Neymar ainda tem chances de estar com a seleção brasileira na América do Norte. Só que, ao contrário do que aconteceu nos últimos três Mundiais, ele não terá vaga cativa no time titular.

O técnico Carlo Ancelotti e a comissão técnica estudam a possibilidade de levar o camisa 10 do Santos, mas sem qualquer compromisso de escalá-lo desde o início dos jogos. Neymar seria, assim, um jogador a mais no elenco, que teria de brigar por uma posição na equipe — ou até por ter minutos em campo.

Para isso, há uma condição básica: ele precisaria estar bem fisicamente e com uma sequência de jogos. Contra o Palmeiras, no sábado, Neymar jogou 90 minutos pela primeira vez em 76 dias e mostrou-se esgotado na parte final do duelo.

“Talvez eu leve um jogador que não tenha intensidade para o primeiro jogo, ou para o segundo. Mas não vou chamar um jogador que não tenha intensidade para todo o Mundial. Precisamos de jogadores fisicamente num nível top”, disse Ancelotti na entrevista da convocação para a atual Data Fifa.

Base está sólida

Há um entendimento, entre os membros da comissão técnica, que o time titular está bem desenhado, com um sistema formado por quatro jogadores ofensivos e sem centroavantes.

A maior dúvida ofensiva, no momento, é que sairia para a entrada de Raphinha, entre Matheus Cunha, Rodrygo ou Estevão. Há, ainda, a possibilidade de que nenhum deles saia, e o camisa 11 do Barcelona passaria a ser um reserva de luxo.

Nesse contexto, o encaixe de Neymar é complicado: uma das prerrogativas dos atacantes de Ancelotti é pressionar a saída de bola do adversário, voltar para marcar e transformar a linha de ataque na primeira barreira defensiva do time. Assim, com a saída de bola “quebrada” os volantes Casemiro e Bruno Guimarães têm de enfrentar menos situações de perigo.

O treinador italiano vê Neymar como um candidato à vaga como atacante pelo meio. Ele não disputa posição como ponta. No sistema atual, a briga por uma vaga no time titular seria com Vini Jr. e Matheus Cunha (ou eventualmente Raphinha, caso volte à equipe titular).

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Só que Vini Jr. é um dos intocáveis de Ancelotti na seleção, e Matheus Cunha tem funções táticas importantes: conectar o meio-campo ao ataque, ganhar disputas pelo alto no campo ofensivo e marcar a saída de bola do adversário. As duas últimas são tarefas que, na avaliação da comissão técnica, Neymar não consegue cumprir.

Há, ainda, outro fator: o tempo. A chegada de Neymar a um time titular demandaria mudanças estruturais que exigem treino, sequência e testes em jogos importantes. Passada a Data Fifa de novembro, a seleção terá apenas mais dois jogos antes da lista para a Copa do Mundo: em março, nos Estados Unidos, contra França e Croácia.

Craque coadjuvante?

A dúvida, diante deste cenário, passaria a ser outra: Neymar, camisa 10 nas últimas três Copas do Mundo e maior artilheiro da história da seleção, aceitaria uma posição de coadjuvante?

Nos bastidores da CBF, há a confiança de que Ancelotti teria as ferramentas para lidar com a situação. O italiano é conhecido por ser um bom gestor de pessoas e por ter uma relação de respeito com os jogadores. Acredita-se, por isso, que ele poderia convencer Neymar a ser um jogador a mais na convocação, sem garantias de ser titular.

Pessoas próximas a Neymar também têm visto a situação com tranquilidade. O camisa 10 ainda não foi convocado pelo italiano e chegou a causar ruído quando contradisse o técnico: Ancelotti justificou a ausência de Neymar em uma lista alegando questões físicas, e o jogador afirmou que estava fora por motivos técnicos.

A situação já foi contornada, segundo o “mister”. “Todos queremos que ele recupere o seu melhor nível. A CBF, o treinador e a comissão técnica também querem. Não temos nenhum problema com Neymar”, disse, em entrevista ao jornal espanhol AS.

A ideia agrada ao elenco. Os jogadores, em sua grande maioria, são fãs de Neymar. Em conversas particulares, eles têm dito a pessoas próximas que seria bom ter o ídolo no grupo, mesmo sem estar em uma posição de protagonismo.

Ver Neymar no banco de reservas da seleção é raro: em 128 jogos dos quais participou, ele só não começou cinco, todos eles amistosos, o último em 2019, contra a Nigéria. Em competições oficiais, ele só não jogou quando estava machucado.

Neymar, portanto, nunca foi “oficialmente” reserva na seleção. Mas a seleção também nunca havia sido treinada por Carlo Ancelotti.

*Com informações de Uol