Região marítima disputada pelos governos da China e das Filipinas foi palco de confronto entre embarcações. Aliados aos filipinos, os Estados Unidos reforçaram apoio em meio à preocupação de escalada do conflito no local.
Investidas chinesas contra as Filipinas crescem na região
Ações da China deixaram feridos e causaram danos materiais. Nos últimos cinco meses, embarcações chinesas abordaram, colidiram, bloquearam e lançaram jatos d’água em navios filipinos. Segundo o jornal The New York Times, a tripulação chinesa cortou embarcações infláveis, soou sirenes e disparou lasers de alta potência contra os filipinos. Imagens liberadas pela Guarda Costeira das Filipinas foram amplamente divulgadas pela mídia internacional.
Confrontos vêm se espalhando no mar. Navios dos dois países já haviam entrado em conflito próximo ao atol Second Thomas. De acordo com o NYT, chineses presentes na região abordavam os filipinos, que tentavam reabastecer embarcações estacionadas em um navio de guerra encalhado.
Encontro entre as tripulações em junho teve violência crescente. Na ocasião, a Guarda Costeira chinesa usou machados, gás lacrimogêneo e facas para abordar tropas filipinas em uma missão no Second Thomas. Ainda de acordo com o jornal, marinheiros chineses perfuraram os barcos militares dos rivais e apreenderam equipamentos e armas. Um dos soldados filipinos perdeu um dos dedos no confronto.
Autoridades filipinas acreditam que China planeja construir ilha artificial na região. Segundo a Guarda Costeira das Filipinas, a destruição de corais indica a presença chinesa no local. Corais esmagados e mortos teriam sido despejados em um banco de areia como parte da construção de uma ilha artificial, estratégia utilizada pela China para reinvidicar águas distantes de sua costa, segundo o NYT. A China nega a acusação e ameaça escalar as iniciativas na região caso não haja recuo por parte dos navios filipinos.
“Se as Filipinas insistirem em ocupar mais bancos de areia, a China não terá escolha a não ser usar todas as medidas disponíveis. Não há limites” disseHu Bo, diretor da Iniciativa de Análise da Situação Estratégica no Mar do Sul da China, grupo de pesquisa sediado em Pequim
Estados Unidos reforçam apoio aos filipinos
Após recuo do navio-patrulha, governo norte-americano reafirmou que defende a liberdade de navegação das Filipinas. “Não há base legal para as reivindicações marítimas da República Popular da China no Mar da China Meridional, e as formas perigosas pelas quais tenta fazer valer essas reivindicações colocam em risco as vidas e o sustento dos filipinos”, disse Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. “Compete às Filipinas decidir como operar seus navios em áreas onde gozam de liberdade de navegação em alto-mar, de acordo com o direito internacional”, finalizou.
China define os EUA como “o maior encrenqueiro a causar agitação no Mar do Sul da China”. Segundo Hu Bo, a China foi forçada a usar táticas mais combativas por conta do fracasso das negociações com o presidente das Filipinas, Ferdinand R. Marcos Jr. que, por sua vez, trabalha para se aproximar ainda mais dos EUA e da comunidade internacional como um todo. Segundo o NYT, Marcos Jr. convidou jornalistas para participar de missões de reabastecimento no mar com a intenção de divulgar as ações chinesas.
Contato entre EUA e China sobre o tema é limitado. Em chamada entre autoridades dos dois países, o governo norte-americano pediu que a China “reconsiderasse seu uso de táticas perigosas, coercitivas e potencialmente agravantes” na região. O diálogo, no entanto, não parece ter tido efeito entre os membros do poder militar chinês, que deixou clara a insatisfação com os EUA e a intenção de seguir com o objetivo de garantir a posse do território disputado.
“Se os Estados Unidos insistirem em ser um conspirador que empurra outros para a linha de frente para confrontar a China, ou, se não tiverem outra escolha a não ser nos desafiar por si mesmos, o povo chinês e o Exército de Libertação Popular nunca vacilarão” afirmou o Tenente-general He Lei, ex-vice-presidente da Academia de Ciências Militares do Exército de Libertação Popular
“Teresa Magbanua”, navio-patrulha da Guarda Costeira das Filipinas, deixou atol Sabina após colisões com embarcações chinesas. De acordo com o Conselho Marítimo Nacional das Filipinas no último domingo (15), a embarcação se retirou da área em que estava desde abril após ser danificada por conta dos impactos sofridos e impedida de reabastecer. O navio-patrulha “cumpriu seu dever de sentinela contra todas as probabilidades”, declarou em comunicado Lucas Bersamin, secretário executivo do Conselho. Segundo a Guarda Costeira Filipina, sua tripulação estava “sobrevivendo com provisões diárias reduzidas” e que alguns de seus membros precisavam de cuidados médicos.
Atol está localizado a cerca de 140 quilômetros da ilha filipina de Palawan e a 1.200 km da ilha de Hainan, área continental chinesa mais próxima. A região foi palco de pelo menos quatro colisões entre navios das duas nações nos últimos meses. Disputada, a área é considerada uma importante e estratégica via marinha na Ásia. Segundo o britânico The Telegraph, cerca de US$ 3 trilhões (mais de R$ 16 trilhões) em carga são transportados anualmente nessa região marítima, que seria também rica em petróleo e gás natural e pertence à zona econômica filipina.
Segundo especialistas, o atol Sabina é suscetível a embarcações com intenções de interferir nas atividades marítimas filipinas. “Uma China hostil seria capaz de estrangular nosso comércio marítimo com o resto da Ásia e a maior parte do mundo a partir do atol Sabina”, disse Jay Batongbacal, especialista em segurança marítima da Universidade das Filipinas, ao The New York Times.
Embarcação era símbolo da tentativa filipina de reivindicar soberania sobre a área. As autoridades chinesas, por sua vez, continuam reivindicando quase todo o Mar da China Meridional. Após a retirada do “Teresa Magbanua”, a Guarda Costeira chinesa declarou ter “soberania indiscutível sobre (…) Xianbin Jiao [nome chinês para o atol Sabina] e suas águas adjacentes”.
Tribunal internacional entende que alegações chinesas não têm fundamento. Em decisão de 2016, o tribunal definiu que a reivindicação da China sobre quase todo o mar do sul do país não tinha respaldo jurídico. O governo chinês rejeitou a decisão.
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