Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O Governo Federal prevê um aumento de 7,44% no salário mínimo em 2026. Esse reajuste representa um acréscimo de R$ 106. Ou seja, o valor passa de R$ 1.518 para R$ 1.631 no ano que vem.

O aumento

No projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA), a mudança prevista para o próximo ano estabelece um limite de despesas primárias de R$ 2.428 trilhões. O reajuste foi calculado com base na inflação e um acréscimo de 2,5%.

Isso porque o reajuste do salário mínimo é feito anualmente com base em uma fórmula que combina a inflação (INPC) e o crescimento do PIB, com um limite de ganho real.

A definição final do salário mínimo geralmente ocorre no final do ano, quando o governo assina o decreto com o novo valor para o ano seguinte. Por exemplo, o valor para 2025 foi definido no final de dezembro de 2024.

Porém, o INPC só sai na segunda semana de janeiro de 2026, referente aos 12 meses do ano anterior e, se houver diferença, o mínimo é reajustado.

Em entrevista ao Portal iG, o especialista em planejamento, CEO da Great Group e autor do livro Escolha Vencer: Criando o Hábito de Conquistar Sonhos e Objetivos, Julio Amorim, nos conta sobre os impactos do aumento salarial.

Quando perguntado se o valor anunciado seria suficiente para melhorar a renda real dos trabalhadores, Julio diz que necessariamente não melhoraria.

“Parte desse reajuste se alinha à inflação prevista (medida pelo INPC), o que pode reduzir o impacto real no poder de compra. Além disso, há limite legal para o crescimento real acima da inflação, definido em 2,5%. Ou seja, o aumento ajuda, mas não garante uma melhora expressiva na renda real, sobretudo para quem vive com o mínimo.”

Foto: Divulgação / Casa da Moeda

Julio também explica que os setores que mais vão sentir o reajuste serão os mais intensivos de mão de obra, onde o custo salarial representa uma fatia relevante da operação.

“É o caso de varejo, serviços, restaurantes, limpeza e conservação, logística, agroindústria e parte da construção civil. (…) Na prática, o reajuste não é apenas um custo a mais, ele acelera a necessidade de modernização. Quem não se mover nessa direção vai operar sempre no limite, enquanto quem investir em produtividade transforma o aumento salarial em oportunidade de evoluir o modelo de negócio.” explicou.

Como o aumento acompanha a inflação e pode n ão ser suficiente para os brasileiros, muitos buscam a informalidade, segundo o CEO, “quando a conta não fecha, o empresário não faz matemática emocional: ele corta custo. E o primeiro corte costuma ser posto de trabalho formal. Do outro lado, o trabalhador que perde o emprego precisa sobreviver, então abre um MEI, vende algum serviço, começa a empreender… e grande parte entra na informalidade ou na ‘semi-formalidade’”.

De acordo com Julio, o governo costuma considerar alguns pontos centrais para definir o reajuste do salário mínimo, como a reposição da inflação para manter o poder de compra, o desempenho da economia, que orienta a combinação entre inflação e crescimento do PIB e o impacto fiscal, já que o aumento afeta benefícios previdenciários e assistenciais.

“Também avalia as condições do mercado de trabalho para evitar efeitos adversos sobre emprego e custos das empresas, além da sustentabilidade de longo prazo. E, embora muitas vezes pouco explícito, há sempre uma camada de planejamento: o governo usa o salário mínimo como instrumento para organizar expectativas, orientar políticas sociais e alinhar metas econômicas, mostrando que decisões bem estruturadas, assim como no planejamento estratégico empresarial, influenciam diretamente a estabilidade e o crescimento do país.”

A previsão é que as análises orçamentárias sejam finalizadas ainda este ano, caso seja autorizado, os trabalhadores formais começarão a receber o novo salário mínimo a partir de fevereiro de 2026.

*Com informações de IG