A Rússia disse que não poderia comentar a reportagem do jornal New York Times que afirma que o país utilizou o Brasil para preparar uma série de espiões que atuariam na elite de seus programas de inteligência.
“Vimos essas reportagens”, afirmou o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov. “Não podemos comentar sobre elas de forma alguma. Nós da administração [presidencial] não temos essa informação”, concluiu Peskov, em comunicado hoje.
O The New York Times publicou uma reportagem sobre o que seria uma “Fábrica de Espiões” russos no Brasil. Segundo o texto de ontem, agentes vieram para o país, “apagaram” seu passado russo e criaram raízes.
Segundo o jornal, eles abriam empresas, faziam amigos e construíam família, como parte da criação de uma nova identidade. Eles viviam uma vida acima de qualquer suspeita, até que estivessem prontos para alçar voos maiores.
Objetivo não era espionar o Brasil, mas “se tornar brasileiro”. Quando estavam prontos, eles seguiam para países da Europa, EUA ou Oriente Médio, “onde, enfim, entravam em ação”, escreveu o jornal.
Prática de espionagem vem desde os tempos da União Soviética. O próprio presidente da Rússia, Vladimir Putin, já contou ter supervisionado um espião quando servia como oficial da KGB (agência de inteligência da URSS) no fim da Guerra Fria.
“São pessoas especiais. (…) Deixar a própria vida para trás, abandonar os entes queridos, a família, o país, por muitos e muitos anos, para dedicar a vida ao serviço da pátria, não é algo que qualquer um consiga fazer. Somente os escolhidos conseguem fazer isso, digo sem nenhum exagero.” disse Putin em entrevista em 2017
Agentes da Polícia Federal brasileira investigam espiões russos desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022. A reportagem do NYT conta que a PF vasculhou milhões de registros de identidade em busca de padrões.
