RJ: moradores levam dezenas de corpos para praça da Penha - Foto: Reprodução X / @RenatoSilva15_
O número de mortos após a megaoperação policial realizada na terça-feira (28), no Rio de Janeiro, chegou a 132, conforme informou a Defensoria Pública.
À reportagem, a assessoria do órgão informou que o levantamento contabiliza 132 mortes, sendo quatro de agentes de segurança e 128 de civis, ainda sem identificação confirmada. Destes, 64 teriam morrido no dia da operação, e os outros 64 foram retirados da mata pelos moradores.
O dado diverge do balanço divulgado pelas forças de segurança, de 119 mortos. Segundo os secretários, 58 morreram no dia da operação e outros 61 corpos foram encontrados posteriormente.
Em nota, a Defensoria Pública afirmou que “tem ouvido e acolhido os moradores dos locais afetados e os familiares das vítimas fatais, buscando assegurar que cada relato contribua para a necessária resposta institucional à violência estatal nunca antes vista”.
Além disso, as equipes seguem “acompanhando os desdobramentos da operação, com a presença de Defensores Públicos e toda equipe no Complexo da Penha e no IML” (veja a nota na íntegra mais abaixo).
Moradores levaram corpos que foram encontrados na mata para a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, na madrugada desta quarta (29).
Operação mais letal da história do Rio
Com mais de 2.500 agentes, a ação realizada ontem mirava a cúpula do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha. Ela é um desdobramento da Operação Contenção, uma iniciativa permanente do governo estadual para impedir o avanço da facção por territórios fluminenses.
Segundo o último balanço das autoridades, ao menos 81 pessoas foram presas. Além disso, os agentes apreenderam 93 fuzis.
Um levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) indica que esta foi a operação mais letal registrada no Rio desde 1990, com mais que o triplo de mortos na ação no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 óbitos.
Nota da Defensoria Pública
“Diante da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que já tem como resultado mais de cem mortos, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro reafirma seu compromisso com a defesa intransigente dos direitos fundamentais, com a preservação da vida e com a defesa da dignidade das pessoas.
Desde a última terça (28) pela manhã, a Defensoria Pública, através da Ouvidoria e do Núcleo de Direitos Humanos (NUDEDH) tem ouvido e acolhido os moradores dos locais afetados e os familiares das vítimas fatais, buscando assegurar que cada relato contribua para a necessária resposta institucional à violência estatal nunca antes vista. No mesmo dia, também foi apresentado ao Conselho de Monitoramento da ADPF 635 o relatório das escutas dos moradores dos locais da operação e cobrado o cumprimento das diretrizes estabelecidas.
Nesta quarta (29), desde as primeiras horas, o NUDEDH segue acompanhando os desdobramentos da operação, com a presença de Defensores Públicos e toda equipe no Complexo da Penha e no IML. Ao mesmo tempo, a Defensoria reforça suas atuações técnicas em diversas frentes, prestando assistência jurídica integral e gratuita tanto aos familiares dos mortos quanto às pessoas presas e atingidas durante a operação. Nossas equipes seguem mobilizadas numa força-tarefa para garantir o respeito às garantias constitucionais, à transparência dos atos estatais e à proteção de populações vulneráveis.
Há equipes da Defensoria Pública destacadas para atuação no IML do Rio para identificação dos corpos das vítimas. Além disso, Defensores Públicos atuam junto às audiências de Custódia e no Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) para oitiva dos adolescentes apreendidos.
Em tempos de grave tensão e dor coletiva, em um cenário de verdadeira guerra urbana e luto, a Defensoria Pública continuará trabalhando na defesa dos cidadãos fluminenses em situação de vulnerabilidade.”
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