Foto: Antonio Pereira / Semcom

Manaus viveu, na noite desta terça-feira, 30/12, mais do que um grande evento musical, viveu um marco histórico. No anfiteatro da Ponta Negra, diante de mais de 50 mil pessoas circulantes, o prefeito David Almeida consolidou o “Réveillon Gospel” não apenas como uma celebração de fé, mas como uma política pública de inclusão cultural que projeta a capital amazonense para o cenário nacional. Foi em Manaus, a primeira capital brasileira a instituir oficialmente o “Réveillon Gospel”, que essa história começou e segue se fortalecendo.

Ao conceder entrevista coletiva durante a programação, o prefeito David Almeida explicou que o evento representa justiça cultural e reconhecimento institucional a um público que, por décadas, esteve à margem das grandes celebrações de fim de ano.

“Manaus tem uma população majoritariamente cristã. Cerca de 40% a 45% dos manauaras são evangélicos e, por muito tempo, esse público ficava alijado das festividades oficiais. O ‘Réveillon Gospel’ nasce para corrigir isso. É a celebração de toda a cidade”, afirmou o prefeito.

A cena era simbólica. Famílias inteiras ocupavam o espaço, jovens de mãos erguidas em louvor, idosos emocionados, crianças acompanhando os pais. Entre elas, Maria das Dores, moradora da zona Norte, que fez questão de chegar cedo. “A gente sempre esperou por uma noite como essa. Um Réveillon que respeita nossa fé, nossa forma de celebrar”, disse, emocionada.

No palco, artistas locais dividiram espaço com nomes nacionais consagrados da música gospel, como Gabriel Guedes e a banda Morada, reforçando a proposta de valorização da produção regional aliada à projeção nacional. O resultado foi uma atmosfera de comunhão, música e pertencimento.

Responsável pela organização do evento, o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (ManausCult), Jender Lobato, destacou o planejamento operacional e o cuidado com a experiência do público.

“O ‘Réveillon Gospel’ foi pensado para acolher as famílias com segurança, organização e acessibilidade. Tivemos uma área exclusiva para pessoas com deficiência, esquema especial de segurança, apoio das equipes de saúde e logística integrada para garantir conforto e tranquilidade a todos que vieram celebrar”, afirmou.

Para o prefeito, o “Réveillon Gospel” é parte de uma visão estratégica maior: garantir que Manaus seja uma cidade onde todas as expressões culturais tenham espaço, visibilidade e respeito institucional. “Quando o poder público reconhece essa celebração, ele reconhece pessoas, histórias, valores e identidades. Isso é governar para todos”, destacou.

Foto: Semcom

A decisão de consolidar o dia 30 de dezembro como data oficial do “Réveillon Gospel” no calendário da cidade também tem um peso simbólico. Manaus não apenas criou o evento, ela inaugurou um modelo que hoje inspira outras capitais brasileiras a refletirem sobre inclusão cultural e diversidade religiosa nas políticas públicas.

“Aqui não se trata de excluir ninguém, mas de incluir quem nunca teve vez. O dia 31 continua sendo a virada tradicional e o dia 30 passa a ser o momento do público gospel. Manaus é plural e a gestão precisa refletir isso”, reforçou o prefeito.

À medida que a noite avançava e o público seguia em louvor, o sentimento era de pertencimento coletivo. O “Réveillon Gospel” deixou de ser apenas um evento e se consolidou como um símbolo: de fé, de respeito e de uma Manaus pioneira, que olha para sua gente e transforma diversidade em política pública.