Virginia Fonseca em depoimento - Foto: Reprodução / Youtube | TV Senado

A relatora da CPI das Bets, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), pediu em seu parecer o indiciamento de 16 pessoas. Entre os nomes que aparecem no relatório, estão os das influenciadoras digitais Virginia Fonseca e Deolane Bezerra, além de empresários e representantes de casas de apostas. O documento foi protocolado na manhã desta terça-feira, 10.

No parecer, Virginia Fonseca é acusada pelos crimes de publicidade enganosa e estelionato. Já Deolane aparece como um dos nomes nas contravenções penais de jogo de azar e loteria não autorizada e pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa.

Veja a lista completa de indiciados:

  • Adélia de Jesus Soares: crimes de lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa;

  • Daniel Pardim Tavares Gonçalves: crimes de falso testemunho, crimes de lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa;

  • Deolane Bezerra dos Santos: contravenções penais de jogo de azar e loteria não autorizada e pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa;

  • Ana Beatriz Scipiao Barros: contravenções penais de jogo de azar e loteria não autorizada e pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa;

  • Jair Machado Junior: contravenções penais de jogo de azar e loteria não autorizada e pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa;

  • José Daniel Carvalho Saturino: contravenções penais de jogo de azar e loteria não autorizada e pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa;

  • Leila Pardim Tavares Lima: contravenções penais de jogo de azar e loteria não autorizada e pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa;

  • Marcella Ferraz de Oliveira: contravenções penais de jogo de azar e loteria não autorizada e pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa;

  • Virginia Pimenta da Fonseca Serrão Costa: crimes de publicidade enganosa e estelionato;

  • Pâmela de Souza Drudi: crimes de publicidade enganosa e de estelionato;

  • Erlan Ribeiro Lima Oliveira: crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa;

  • Fernando Oliveira Lima: crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa;

  • Toni Macedo da Silveira Rodrigues: crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa;

  • Marcus Vinicius Freire de Lima e Silva: crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, exploração de jogos de azar, associação criminosa, tentativa de influência indevida no Poder Judiciário, corrupção ativa e tráfico de influência;

  • Jorge Barbosa Dias: crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal e exploração ilegal de jogos de azar;

  • Bruno Viana Rodrigues: crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e exploração ilegal de jogos de azar.

CPI das Bets

A CPI das Bets investiga suspeitas de irregularidades no setor de apostas on-line. O relatório final consolida os trabalhos da CPI e pode, além de propor mudanças na legislação, enquadrar pessoas em determinados crimes. Nesses casos, o relatório é enviado para o Ministério Público ou para a Polícia Federal com a recomendação dos indiciamentos.

A Comissão Parlamentar de Inquérito das Bets foi iniciada em novembro de 2024 e, desde então, realizou 20 reuniões e ouviu 19 pessoas. Entre os depoentes estão representantes do governo federal (responsável pela regulamentação das bets), influenciadores digitais e donos de sites de apostas. Sete dessas pessoas foram convocadas — ou seja, tinham obrigação de comparecer –, mas seis não compareceram para depor.

Atuação da CPI

Uma das frentes dos trabalhos da CPI foi debater a publicidade das empresas de apostas on-line por meio de influenciadores digitais. A relatora, Soraya, apontou que a divulgação dessas atividades deve observar o Código de Defesa do Consumidor, as normas do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e as regras do governo federal que regulamentam a publicidade no setor.

Vício em apostas vem crescendo no Brasil – Foto: Joédson Alves / Agência Brasil

A senadora também opinou que há controvérsias sobre a legalidade da exploração de apostas a partir de 2018, quando a Lei nº 13.756, sancionada pelo então presidente Michel Temer (MDB), abriu espaço para o setor. A lei previa regulamentação em até dois anos, prorrogáveis por mais dois; mas essa regulamentação só foi efetivada sete anos depois.

O colegiado, presidido pelo senador Hiran Gonçalves (PP-RR), também apurou suspeitas de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e outros ilícitos envolvendo o setor de apostas on-line. Para isso, a CPI pediu informações da Polícia Federal e das polícias civis de alguns entes federados, como Pernambuco e Distrito Federal.

A CPI ainda analisou 192 requerimentos de informações sigilosas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), das quais metade foi aprovada. Em resposta aos requerimentos, a Coaf enviou 63 documentos à comissão até o início de junho.

Além de investigar a possível associação do setor de apostas on-line com organizações criminosas e práticas ilícitas, outro objetivo da CPI foi analisar a influência dessas atividades no orçamento das famílias brasileiras e também seus impactos sociais.

Ex-viciados em jogos e especialistas em saúde mental foram alguns dos convidados recebidos pelo colegiado para explicar os efeitos da liberalização dos jogos de apostas na saúde dos brasileiros.

*Com informações de Terra