Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) postou foto internado no Hospital Rio Grande, em Natal (RN), antes de ser transferido para Brasília - Foto: @jairmessiasbolsonaro via Instagram

A recuperação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não deverá ser rápida, segundo o médico-chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini.

A informação foi dada em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira, 14, após 12 horas de cirurgia.

Bolsonaro passou por uma cirurgia abdominal, que durou 12 horas no domingo, 13, no Hospital DF Star, em Brasília.

UTI

Apesar de já estar consciente e conversando, o ex-presidente segue na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Birolini esclareceu que o “quarto” onde Bolsonaro está é, na verdade, o quarto da própria unidade intensiva, onde continuará sendo monitorado 24 horas por dia. Ainda não há previsão para a saída da UTI.

O Dr. Birolini diz que não há expectativa para uma evolução rápida do quadro, e que Bolsonaro deve continuar internado por, pelo menos, duas semanas. A recuperação total só deve acontecer dentro de 2 a 3 meses.

Sem pressa

No momento, Bolsonaro está sendo alimentado exclusivamente por nutrição parenteral (pela veia), sem previsão para retornar à alimentação por via oral. A prioridade é permitir que o intestino desinflame e retome suas funções naturais. Os médicos afirmaram que não pretendem apressar a recuperação.

A realimentação só deve ocorrer quando houver sinais claros de recuperação da atividade intestinal. “Nesse momento, ele será mantido com uma nutrição parenteral, que é a nutrição na veia, sem expectativa de que ele volte a se alimentar hoje, amanhã ou depois, até o intestino retomar sua atividade fisiológica”, disse Birolini.

Bolsonaro já apresentava desconforto abdominal, e ao realizar a cirurgia, os médicos encontraram um quadro inflamatório do intestino. A cirurgia tinha como objetivo liberar aderências intestinais e reconstruir a parede abdominal, como consequência de múltiplas intervenções cirúrgicas realizadas desde a facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018.

A equipe médica reforçou que as visitas ao ex-presidente estão restritas, com foco total nos cuidados pós-operatórios. Os médicos permanecem em plantão constante, avaliando a evolução do quadro. Segundo Birolini, a intenção é garantir uma recuperação completa e estável, sem correr riscos desnecessários.

Como foi a cirurgia

Segundo os médicos Cláudio Birolini e Leandro Echenique, que acompanham a saúde de Bolsonaro desde a facada sofrida em 2018, o procedimento foi um dos mais complexos já realizados no ex-presidente. Durante a cirurgia, foram encontradas múltiplas aderências intestinais e uma parede abdominal bastante danificada — sequelas de sete intervenções anteriores.

Para acessar a cavidade abdominal, foram necessárias cerca de duas horas, seguidas de mais quatro a cinco horas para liberar cuidadosamente as aderências. A reconstrução da parede abdominal foi feita de forma milimétrica, respeitando as condições encontradas durante a operação.

Birolini explicou que o intestino estava “sofrido” e acredita que o ex-presidente já apresentava um quadro de suboclusão intestinal há meses. “A cirurgia foi feita com a intenção de ser definitiva, mas não podemos garantir que novos episódios não ocorram no futuro, já que novas aderências podem se formar”, alertou o médico.

Recuperação lenta

De acordo com Echenique, procedimentos prolongados como esse geram uma forte resposta inflamatória no organismo. Isso aumenta o risco de complicações, como infecções, alterações na pressão arterial e problemas pulmonares. A equipe está em alerta nas primeiras 48 horas, consideradas as mais críticas do pós-operatório.

Birolini acrescentou que o valor do exame PCR (marcador inflamatório) de Bolsonaro subiu de forma acelerada antes da cirurgia — passando de 6 para 150 em pouco tempo — o que foi determinante para a decisão pela intervenção. “Tomamos a decisão de operar antes que o quadro evoluísse para algo mais grave, como uma perfuração intestinal.”

Se tudo evoluir como o esperado, a recuperação total deve levar de dois a três meses. Até lá, Bolsonaro deverá evitar esforços físicos e seguir orientações rígidas quanto à alimentação e movimentação. O objetivo da equipe médica é que a cirurgia seja uma solução definitiva para cessar os desconfortos abdominais, que vinham se intensificando nos últimos meses.

“A expectativa é que ele volte a ter um padrão de vida melhor, se alimentar melhor, e a nossa expectativa é que seja sem restrições, exceto restrições agora no pós-operatório imediato, nesses próximos dois ou três meses, que precisa conter a parede abdominal”, pontuou Birolini.

*Com informações de Terra